Comandos vão “servir Portugal” em missão “importantíssima” na República Centro-Africana
Contingente de 160 militares portugueses integra a missão de manutenção de paz das Nações Unidas no país africano. São na maioria Comandos e partiram esta madrugada.
O ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, esteve na noite desta segunda-feira no Regimento dos Comandos da Carregueira para agradecer aos militares do contingente português da força de manutenção de paz das Nações Unidas na República Centro-Africana. No total serão 160 militares portugueses – entre os quais 90 Comandos – a integrar a primeira missão internacional dos últimos três anos. Desses, 127 preparavam-se para partir do aeroporto militar de Figo Maduro às 5h da manhã desta terça-feira.
Aos Comandos, em especial, o ministro disse: “O Regimento de Comandos tem uma história que vos honra mas também vos responsabiliza. É importantíssima a missão que vão desempenhar.” E insistiu na qualificação deste contingente como “força de reacção rápida ao serviço da segurança, ao serviço do interesse internacional, ao serviço de Portugal e do interesse nacional”. A todos desejou boa-sorte e agradeceu às famílias, que ficam. “Que ficam a pensar em vós”, disse.
Este é também o primeiro grupo de Comandos a integrar uma missão de paz desde a morte de dois recrutas no curso 127 em Setembro do ano passado.
“Esta é uma missão muito importante porque marca politicamente e do ponto de vista operacional um regresso significativo de Portugal a forças de peacekeeping [manutenção de paz]”, afirmou o ministro da Defesa Nacional aos jornalistas, antes de reconhecer que “do ponto de vista da avaliação do risco, [a República Centro-Africana] é com certeza um teatro de operações exigente”.
Operações de combate
O contingente foi preparado nos últimos nove meses para executar operações de combate, patrulhas de segurança, vigilância e reconhecimento de área e desenvolver operações de cerco e busca, entre outras capacidades. “É uma missão que tem riscos desde logo pelas circunstâncias actuais da República Centro-Africana”, admitiu o ministro.
Para Soraia Ribeiro, 27 anos, militar do Exército, será a primeira participação numa missão internacional. “É uma experiência nova, é uma experiência diferente e vamos servir Portugal.”
Também o capitão Seidi vê esta missão como de apoio à população. A família está preparada. Já antes o viram partir para o Afeganistão depois do curso de Comandos concluído em 2003. “Estão também felizes por mim porque esta é uma missão de paz e de apoio à população.”
Nos primeiros seis de 12 meses de missão da Força Nacional Destacada, estarão no terreno 152 homens e oito mulheres. Outros irão depois substitui-los.
“Fui voluntário para o curso de Comandos, fui voluntário para a missão no Afeganistão e sou voluntário para esta nova missão na República Centro-Africana”, diz o capitão Pestana Santos, ainda no Regimento na Carregueira horas antes de partir para Bangui, capital daquele país africano, onde ficará estacionado o contingente português, pronto a actuar em qualquer parte do território.
“O curso de Comandos [que terminou em 2010] é a base para desempenhar qualquer tipo de missão no exterior.” Mas não basta ser voluntário, refere. “É preciso ser escolhido.” Pestana Santos esteve no Afeganistão em 2012 e 2013, no teatro de operações de guerra. “Nesta nova missão, espero cumprir tudo aquilo que o nosso escalão superior determinou”, acrescenta.
Esta é uma Força de Reacção Rápida e os riscos no terreno são “desde o início” conhecidos, explicou Azeredo Lopes. “Também sabemos as circunstâncias em que acedemos ao pedido da França e por que motivo foram estas forças especialmente qualificadas do Regimento de Comandos assumir essa responsabilidade.”
Em nome da segurança internacional
Para esta missão estão orçamentados 12,5 milhões de euros. “Nós temos de orçamentar esse valor sem prejuízo de haver depois uma comparticipação das Nações Unidas” em pelo menos 40% desse montante.
“É tempo de acabar com o hiato de presença de Portugal em forças de peacekeeping [manutenção de paz] nos últimos anos”, disse ainda, admitindo que “a interrupção se tenha devido a razões financeiras como bem espelharam as dificuldades” que viveu o país.
E concluiu: “Não é normal que se prolongue no tempo uma situação em que um Estado com a tradição de Portugal que, ainda por cima, teve a capacidade e o orgulho de hoje contar com um português como secretário-geral das Nações Unidas, estivesse praticamente ausente ao nível de empenhamento de uma das dimensões mais nobres das Nações Unidas, que é justamente contribuir para a manutenção da paz e da segurança internacional.”