MAAT abre galerias em Março, mas ponte pedonal deverá chegar com atraso
O novo museu de Lisboa, por enquanto com entrada gratuita, teve 150 mil visitantes. Restaurante e jardim público também não estarão prontos para a inauguração.
O novo edifício do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, vai encerrar a 6 de Fevereiro para fazer uma nova inauguração, desta vez já com todos os espaços expositivos, a 21 de Março, como estava prometido desde a soft opening que aconteceu com toda a pompa e circunstância no início de Outubro. O que certamente não estará pronto nessa altura é a ponte pedonal que quer ligar à cidade a zona ribeirinha onde o MAAT está implantado, passando por cima da linha do comboio.
Também não vai abrir tão cedo o restaurante com uma vista deslumbrante sobre o Tejo, e é igualmente pouco provável que o jardim público já esteja terminado até essa data. O que o visitante vai então poder ver a funcionar em pleno quando o museu abrir de novo ao público a 22 de Março são as quatro galerias que compõem o MAAT: além da Galeria Oval – a única parte do edifício desenhado pela arquitecta britânica Amanda Levete que abriu definitivamente em Outubro –, também a Galeria Principal, o Project Room e o Video Room.
“Estimamos que a ponte pedonal esteja a funcionar até Maio. Já foi adjudicada, após concurso, e está neste momento a ser preparada em estaleiro a estrutura metálica”, explicou ao PÚBLICO Miguel Coutinho, director da Fundação EDP, proprietária do museu. “Quanto ao restaurante, estamos a estudar vários projectos e a consultar vários chefes. Acreditamos que poderá abrir no final do primeiro semestre deste ano, ou seja, até Junho.”
A nova ponte será uma estrutura metálica, com desenho também da arquitecta Amanda Levete, partindo da cobertura do novo edifício para aterrar no Largo Marquês Angeja. Em Outubro, a enorme afluência do público durante a primeira inauguração levou ao encerramento por razões de segurança de uma outra ponte pedonal sobre a linha férrea, que está junto ao Museu dos Coches, a via que os visitantes privilegiaram para chegar ao MAAT.
Miguel Coutinho promete que quando começarem as obras da ponte pedonal que liga o MAAT ao Largo Marquês de Angeja a circulação não será interrompida nas avenidas da Índia e Brasília. “Os trabalhos serão realizados durante a noite sem implicações no trânsito ou na circulação ferroviária. O que pode acontecer é haver pequenos desvios pontuais na circulação das faixas dessas avenidas para a instalação dos dois pilares da ponte.”
O director ainda não perdeu a esperança de terminar o jardim no início da Primavera. “Não excluímos a hipótese de inaugurar o jardim antes, mas estamos prudentemente a dar uma folga. Até Maio temos garantias de que tanto o jardim como a ponte pedonal estarão concluídos. Quando digo Maio é para ser o mais rigoroso possível, porque podem estar prontos em Abril.”
O jardim, já em obra, vai circundar os dois edifícios num campus que chega aos 38 mil metros quadrados. O projecto é do arquitecto paisagista Vladimir Djurovic, um montenegrino que vive no Líbano e é autor dos jardins do Museu Aga Khan em Toronto (Canadá). Ao todo, serão plantadas 300 árvores e 3000 arbustos.
Crescimento de 47%
Desde Outubro, o complexo da Fundação EDP passou a contar com dois edifícios: o novo corpo com formas fluidas de Amanda Levete, e a Central Tejo, um exemplar de arquitectura industrial que já tem actividade expositiva desde 2004.
As entradas nos dois edifícios, que no seu conjunto inauguraram 16 exposições em 2016, foram contabilizadas separadamente e não se sobrepõem, explica Miguel Coutinho. “Tivemos 215 mil pessoas na Central Tejo até 5 de Outubro e cerca de 150 mil [no novo] MAAT desde essa data até ao final do ano. Os números do novo MAAT incluem a festa de inauguração, mas só as 22 mil pessoas que entraram nos edifícios nos dias 4 e 5 de Outubro e viram a exposição. Porque estiveram 100 mil pessoas no campus da EDP.”
As 150 mil pessoas que entraram no novo MAAT não pagaram bilhete, enquanto as que frequentaram a Central Tejo pagaram um bilhete de cinco euros. A partir de agora, passarão a pagar nove euros por um bilhete conjunto.
Juntando os dois núcleos, o MAAT teve um crescimento de 47 por cento com a nova ampliação, passando de 241 mil entradas em 2015 para 364 mil no ano passado. A média de visitantes é muito variável. Há fins-de-semana com dez mil visitantes e alguns dias com mil.
“O edifício, a sua localização e a arquitectura foram determinantes nesta fase. Houve muita curiosidade e é natural que tenhamos tido este número recorde de visitantes”, comenta ainda o director da Fundação EDP. Agora que começa a programação em todos os espaços expositivos do MAAT, “a expectativa é de que a curiosidade se mantenha”.
Na inauguração do início de Outubro foi possível visitar por 12 horas todos os espaços expositivos, que entretanto voltaram a encerrar para as obras continuarem. Então, o museu inaugurou na Galeria Oval a instalação Pynchon Park, da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster, que constitui a primeira parte da exposição Utopia/Distopia. É justamente com a segunda parte, agora ocupando todas as galerias do MAAT, que se fará a reabertura do museu.
Com curadoria de Pedro Gadanho, João Laia e Susana Ventura, a primeira “exposição-manifesto” do MAAT mostrará mais de 60 obras e projectos de artistas e arquitectos, sublinhando assim as áreas principais de actuação do museu. E estabelecerá também um diálogo com o segundo artista a ocupar a Galeria Oval, o mexicano Héctor Zamora, numa colaboração com Lisboa 2017 – Capital Ibero-Americana de Cultura e a primeira Biennial of Contemporary Arts (BoCA).
Se o novo MAAT vai estar encerrado seis semanas, a programação continua na Central com duas novas exposições a inaugurar a 8 de Fevereiro: fotografia e vídeo de José Maçãs de Carvalho, com curadoria de Ana Rito, e Dimensões Variáveis, com curadoria de Gregory Lang & Inês Grosso, que cruza arte contemporânea e arquitectura.