Autor do relatório sobre Trump investigou adversária de Guterres

Christopher Steele terá investigado as possíveis ligações entre Kristalina Georgieva e a empresa Multigroup numa altura em que a búlgara era candiata a secretária-geral da ONU.

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© Muhammad Hamed / Reuters

O autor do relatório sobre a obtenção, por parte da Rússia, de informação comprometedora sobre Donald Trump terá investigado também a antiga comissária europeia búlgara Kristalina Georgieva, que foi adversária de António Guterres na corrida pelo cargo de secretário-geral das Nações Unidas.

Christopher Steele foi agente do MI6, a agência de espionagem britânica para o exterior, sendo actualmente director de uma empresa privada que presta serviços de assessoria de segurança e de investigação. É considerado um excelente investigador e uma fonte altamente credível.

Terá sido o responsável pela investigação das ligações de Trump com a Rússia tendo escrito a adenda ao relatório apresentado pelos serviços de informação norte-americanos que dava conta que Moscovo tem informação comprometedora sobre o Presidente dos EUA. Esta quinta-feira noticiava-se que o antigo espião britânico deixou a sua casa no Reino Unido, “aterrorizado” pelos riscos à sua segurança.

Agora, o site de informação europeia EurActiv cita fontes não identificadas que dizem que Steele também investigou Georgieva no período em que a ex-comissária europeia era candidata à liderança da ONU contra Guterres.

O britânico investigava particularmente as ligações de Georgieva à empresa Multigroup, que nasceu depois do fim da União Soviética e que era liderada por Iliya Pavlov. Pavlov foi assassinado em 2003 na capital búlgara, Sofia. Os autores do crime nunca foram encontrados.

Também nunca foi provada a ligação entre Georgieva e a empresa, mas o jornalista Yves Kugelmann publicou um artigo no site do Instituto de Pesquisa da Política Externa norte-americano defendendo a existência dessas ligações. Apesar de o artigo ter sido mais tarde apagado, Kugelmann escreveu que a filha de Georgieva, Dessislava Kinova, trabalhou durante muito tempo para empresas detidas pela Multigroup, afirmando mesmo que os diplomatas americanos consideravam que a empresa tinha sido, a certa altura, a base “do crime organizado búlgaro”.

Sabe-se, no entanto, e através de documentação oficial do Departamento de Estado dos EUA e tornada pública pelos Wikileaks, que a Administração americana nunca viu com bons olhos a actuação da Multigroup. Apesar disso, a suspeita de que a empresa estaria envolvida em práticas criminosas nunca foi comprovada.

Em Outubro, Georgieva abdicou do seu cargo na Comissão Europeia para se juntar ao Banco Mundial.

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