BCE já autorizou nome de Paulo Macedo para gerir a CGD
Supervisor manteve, nas últimas semanas, encontros para clarificar matérias de estratégia e de governação.
O Banco Central Europeu (BCE) já deu luz verde à nomeação da maioria dos membros da nova gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), chefiada por Paulo Macedo, mas não prescindiu de reuniões para acertar matérias de estratégia futura e de governação do maior banco português.
Após semanas de discussão para avaliar a adequação individual e colectiva de todos os nomes propostos para a comissão executiva da CGD, o conselho permanente do BCE (em que se inclui Vítor Constâncio) já confirmou a idoneidade de seis dos oito nomes submetidos pelo Banco de Portugal. Destes, apenas um é não executivo, estando em fase de conclusão final a análise de dois gestores.
A par desta avaliação têm decorrido encontros para discutir, nomeadamente, pormenores sobre a estratégia futura da Caixa e que no entender do supervisor careciam de clarificação. A entidade liderada por Mario Draghi já terá dado a conhecer às autoridades nacionais a sua posição, mas ainda não a tornou pública.
Paulo Macedo, ex-director-geral dos Impostos entre 2004 e 2007, tutelou a pasta da Saúde no Governo de Pedro Passos Coelho e pertence aos quadros do BCP, onde chegou a integrar a polémica administração presidida por Carlos Santos Ferreira.
Para além de Macedo, a equipa de Mario Draghi esteve a estudar as condições para o exercício das funções os restantes membros da comissão executiva da CGD: Tudela Martins, (que pertencia à equipa de António Domingues), José João Guilherme, ex-administrador do Novo Banco e do BCP, onde lançou a operação polaca, Maria João Carioca, que já esteve na CGD com José de Matos, Francisco Cary, ex-BESI e ex-Novo Banco, Nuno Martins, ex-Barclays e ex-Citigroup, e até agora adjunto de Mourinho Félix, secretário de Estado do Tesouro e Finanças, e José Brito, o único que foi recrutado ao banco público, onde era director central.
A decisão do BCE surge passado mais de um mês após o Banco de Portugal ter desencadeado o processo de autorização no quadro do mecanismo único de supervisão e depois de mais de duas semanas de impasse no topo da governação do maior grupo bancário português (com 30% de quota de mercado), que ficou sem liderança na sequência da saída de António Domingues a 31 de Dezembro.
Desde 1 de Janeiro que se instalou uma espécie de vazio de poder na CGD, governado por apenas três executivos. E destes, somente João Tudela Martins, ex-BPI com o pelouro do risco, vai continuar com Paulo Macedo. A gestão tem sido acompanhada por Rui Vilar, que estava como vice-presidente da administração de Domingues. Aos sete elementos da nova comissão executiva vão juntar-se os não executivos, chefiados por Rui Vilar, e cuja idoneidade será reavaliada na fase seguinte pelo BCE. O supervisor está já a debruçar-se sobre as competências dos restantes membros dos órgãos sociais, nomeadamente, dos que vão integrar as comissões de nomeação, de avaliação e de remuneração da instituição.
Quando a nova comissão executiva da CGD assumir funções, já irá contar com a primeira fase de capitalização do banco, iniciada a 4 de Janeiro por via de uma injecção de fundos públicos negociada com Bruxelas por António Domingues. Nessa primeira fase da recapitalização, o capital da CGD foi aumentado em 1444 milhões de euros, através da conversão em capital de 945 milhões de euros (e respectivos juros) do empréstimo de instrumentos de capital contingentes (CoCos) subscritos pelo Estado em 2012. Verba a que se juntam mais perto de 500 milhões de euros, resultantes da passagem para a CGD das acções da Parcaixa que estavam nas mãos da Parpública.