Líder da Samsung é suspeito no escândalo da Presidente da Coreia do Sul

Em causa estão as doações a duas fundações sem fins lucrativos em troca do apoio presidencial à fusão de dois braços do grupo Samsung.

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Lee Jae-yong, vice-presidente da multinacional sul-coreana Samsung, é acusado de "subornos" EPA/JEON HEON-KYUN

O herdeiro da multinacional Samsung, Lee Jae-yong, vai ser interrogado como suspeito no escândalo de corrupção que envolve da destituição da Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye. A Samsung foi acusada de doar dinheiro a duas fundações sem fins lucrativos em troca de apoio político.

Lee vai ser interrogado por procuradores especiais na quinta-feira, afirmam as autoridades sul-coreanas à BBC. A Samsung recusou-se a prestar declarações sobre a situação. Lee Jae-yong, 48 anos, é o vice-presidente e herdeiro da multinacional. Assumiu funções de chefia quase total depois do ataque cardíaco sofrido pelo pai, Lee Kun-hee, actual líder do grupo Samsung.

O herdeiro da Samsung é acusado de dar mais de 2,8 milhões de euros a uma fundação detida por Choi Soon-sil (ex-amiga de Park), em troca de apoio por parte da Presidência sul-coreana à fusão entre um braço de produção electrónica da Samsung (a Samsung C&T) e uma das suas afiliadas, a Cheil Industries. O Ministério Público afirma estar a interrogá-lo enquanto suspeito de "subornos".

Na audiência parlamentar, em Dezembro, a Samsung admitiu ter dado um total de 16 milhões de euros às duas fundações, mas negou ter procurado qualquer tipo de favores. O líder da multinacional confirmou que a empresa deu um cavalo e algum dinheiro à filha de Choi, de maneira a sustentar a sua carreira equestre, algo de que se arrependeu.

É a primeira vez que Lee Jae-yong vai ser interrogado enquanto suspeito pelos investigadores. Ainda durante esta semana dois executivos da Samsung foram interrogados por procuradores especiais, mas enquanto testemunhas e não como suspeitos.

A 9 de Dezembro, os políticos sul-coreanos votaram a favor da abertura do processo de destituição da Presidente Park, devido a um escândalo que envolvia a sua ex-melhor amiga. O tribunal tem seis meses para concluir se Park deve ser destituída – até lá, vai continuar formalmente Presidente (ainda que despida de poder) e as questões presidenciais vão ser tratadas pelo primeiro-ministro coreano, Hwang Kyo-ahn.

A chefe de Estado sul-coreana foi acusada de cumplicidade no caso de corrupção e abuso de poder que envolve a sua ex-melhor amiga, Choi Soon-sil e dois antigos assessores. A posição de Park começou a ser questionada em Outubro, quando o caso passou a ser conhecido e as suas ligações a Choi começaram a surgir. As acusações incluíam a revelação de que a Presidente tinha autorizado a sua velha amiga (sem qualquer papel governamental) a alterar os discursos políticos e usar a sua amizade para extorquir dinheiro (60 milhões de dólares) junto de grandes empresas, como a Samsung.

Park diz não ter cometido qualquer erro de forma premeditada e já pediu desculpa pela maneira como geriu a sua relação com Choi, mas também nega ter cometido alguma ofensa criminal.

Desde o início do caso que a credibilidade e popularidade da Presidente foram postas em causa e centenas de milhares de manifestantes juntam-se todos os fins-de-semana para exigirem que a chefe de Estado se demita. Estas foram as maiores manifestações populares da história democrática da Coreia do Sul.

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