Inflação acumulada atingiu 21,07% em Novembro em Moçambique
Os consultores jurídicos e financeiros no processo de reestruturação da dívida pública não reúnem também com os investidores há mais de um mês inviabilizando o prazo definido pelo Governo.
A inflação acumulada em Moçambique atingiu 21,07 % em Novembro e a mensal subiu 2,89%, segundo o último Índice de Preços no Consumidor (IPC) do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) moçambicano.
A divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas teve maior influência no nível de inflação acumulada registada de Janeiro a Novembro, com 13,51% refere o IPC.
Em relação aos produtos, os aumentos no preço do arroz, farinha de milho, óleo alimentar, amendoim, energia, açúcar contribuíram com 8,78% para a subida de preços que se registou entre Janeiro e Novembro do ano em curso, explica o INE.
As três principais cidades moçambicanas, que servem de referência para o cálculo de preços no país, observaram um agravamento da inflação ao longo dos últimos 11 meses. A cidade da Beira, centro do país, registou o maior aumento, com 21,39%, seguida de Maputo, 21,08%, e por Nampula, com 20,90%.
A inflação que Moçambique tem vindo a registar este ano é a mais elevada dos últimos anos, projectando-se que até ao final de 2016 se situe nos 27%, segundo a estimativa do banco central, numa revisão em baixa dos 30% calculados anteriormente.
As autoridades moçambicanas têm apontado a subida galopante de preços, associada à desvalorização do metical, como um das razões do declínio da economia, que vai terminar o ano com um crescimento abaixo de 4%, a taxa mais modesta dos últimos 15 anos.
Consultores para dívida não têm reunido com credores
Os consultores jurídicos e financeiros de Moçambique no processo de reestruturação da dívida pública não reúnem com os investidores há mais de um mês, inviabilizando o prazo definido pelo Governo para a conclusão do processo.
De acordo com o Wall Street Journal, há mais de um mês que os conselheiros jurídicos e financeiros escolhidos por Moçambique para negociar a reestruturação da dívida pública – as firmas britânicas Lazard Frères e White & Case LLP – não falam com os investidores, apesar de estarem em curso reuniões preliminares com os bancos Credit Suisse e VTB para definir os termos das futuras negociações.
O jornal financeiro norte-americano, que cita apenas pessoas familiarizadas com o processo, acrescenta ainda que entre os maiores detentores de dívida pública moçambicana que se juntarem num grupo de negociação estão os gestores de fundos AllianceBernstein LP e Franklin Templeton Investments, para além dos fundos de investimento Greylock Capital Management, NWI Management e Pharo Management.
A notícia do Wall Street Journal surge numa altura em que o prazo dado inicialmente pelo Governo de Moçambique para este processo está a chegar ao fim, já que no final de Outubro, quando foi feita uma apresentação aos credores na qual o país assumiu a incapacidade para pagar as dívidas, a ideia era a reestruturação da dívida estar concluída no final desta semana.
O prazo desejado por Moçambique passava, em Outubro, pelo início das reuniões com credores ainda nesse mês, para depois em Novembro discutir o formato da reestruturação das dívidas, para chegar a um acordo em Dezembro e começar os pagamentos em Janeiro, a tempo de, no princípio do próximo ano, recomeçar as negociações com o FMI sobre um pacote de ajuda financeira.
O ministro da Economia e Finanças de Moçambique afirmou na quarta-feira que o Governo espera ter uma posição sobre a estratégia a seguir na normalização da dívida pública em Janeiro, assinalando que "as coisas poderão andar muito bem". "O que o FMI [Fundo Monetário Internacional] está a dizer é que o Governo tem de explicar qual é estratégia que tem para trazer esta dívida para a sustentabilidade, a resposta é que nós, como Governo, contratamos especialistas que sabem trabalhar com os credores", afirmou Adriano Maleiane, em conferência de imprensa em Maputo.
Os consultores internacionais contratados pelo Governo moçambicano para negociar a restruturação da dívida pública, prosseguiu Maleiane, estão a trabalhar e poderão tomar uma posição em Janeiro. "Acredito que as coisas vão andar muito bem, porque já começamos a trabalhar na direcção do próximo programa [com o FMI]", concluiu o ministro da Economia e Finanças.