Isaltino faz 67 anos e recebe uma prenda para se recandidatar a Oeiras
“Tem neste momento a base social e eleitoral necessária para voltar a ser presidente da Câmara Municipal de Oeiras e é esse o nosso objectivo”, diz o porta-voz do movimento que recolheu mais de 7500 apoios.
Isaltino Morais faz 67 anos nesta quinta-feira, 29 de Dezembro, e vai receber como prenda de aniversário do movimento Isaltino Morais a Presidente da Câmara de Oeiras uma lista com mais de 7500 apoios para se recandidatar à autarquia que liderou durante 28 anos.
Não se pode dizer que seja uma prenda inesperada, Isaltino Morais, ex-autarca de Oeiras, já sabia que aquele movimento se estava a mexer para reunir estes apoios – não são ainda as assinaturas, porque tal só pode ser feito quando Isaltino anunciar oficialmente que se recandidata, o que ainda não aconteceu. A decisão será tomada, no entanto, em breve, durante o mês de Janeiro. “Do ponto de vista pessoal, pode animar o dr. Isaltino a recandidatar-se, e não somos os únicos a apoiá-lo”, diz o porta-voz do movimento, João Viegas, sobre a prenda que vão dar ao ex-autarca.
Se Isaltino Morais avançar, irá disputar a liderança daquela autarquia com Paulo Vistas, que ocupou o cargo quando o primeiro foi detido para cumprir pena por fraude fiscal e branqueamento de capitais na prisão da Carregueira. O movimento está, no entanto, confiante que o ex-autarca vai aceitar o desafio: “Acredito que a probabilidade de [Isaltino Morais] se recandidatar seja de 90% por três motivos: Oeiras precisa, pela incompetência do presidente [Paulo Vistas] e para que se faça justiça”, diz João Viegas.
Este grupo de cidadãos tem dinamizado acções de apoio nas redes sociais desde Maio de 2016, já fez um jantar e já promoveu encontros. João Viegas sublinha que o movimento quer dar o “protagonismo” a Isaltino Morais, político e autarca que elogiam, ao contrário de Paulo Vistas, que consideram não ter feito um bom trabalho no concelho de Oeiras. Mais: “Paulo Vistas só é presidente à custa do nome e da obra do dr. Isaltino”, nota João Viegas. “Paulo Vistas atraiçoou Isaltino Morais”, diz, ressalvando que está a falar de uma “traição política” e referindo-se, entre outras situações, ao facto de ter “descaracterizado” o movimento Isaltino Oeiras Mais à Frente (IOMAF), transformando-o na Associação Oeiras Mais à Frente (AOMAF).
Está, aliás, marcada para breve – para 5 de Janeiro, às 21h – a assembleia geral da Associação Oeiras Mais à Frente na qual se deverá aprovar o nome do candidato que este movimento apoiará à câmara municipal. Paulo Vistas será assim formalmente indigitado para se recandidatar ao cargo autárquico que já ocupa, desde que substituiu Isaltino Morais e ganhou depois as últimas eleições autárquicas.
O que ainda falta nesta equação de dois independentes que já foram aliados políticos e agora podem disputar, em separado, a câmara de Oeiras, é saber se contarão ou não com apoio de partidos. João Viegas esclarece: “Revemo-nos numa candidatura independente do dr. Isaltino, mas se ele entender acatar o apoio de partidos, tudo bem. Mas será uma candidatura independente com apoio possível de partidos.”
Para já, João Viegas faz apenas questão de sublinhar que já reuniram mais de 7500 apoios, embora não adiante o número exacto: “[Isaltino] tem neste momento a base social e eleitoral necessária para voltar a ser presidente da Câmara Municipal de Oeiras e é esse o nosso objectivo”, garante o antigo assessor de Isaltino Morais que espera que o ex-autarca se recandidate, porque o movimento entende que foi o “melhor” presidente que Oeiras já conheceu. João Viegas faz ainda questão de salientar o trabalho dos 300 voluntários do movimento.
Isaltino Morais aderiu ao PSD em 1978, mas acabaria por derrotar o seu próprio partido ao candidatar-se como independente à autarquia de Oeiras, em 2005. Nessa altura, o PSD rejeitou apoiá-lo por ser arguido em processos de corrupção passiva, fraude fiscal, branqueamento de capitais e abuso de poder.
Com um longo percurso na política, Isaltino candidatou-se em 1985 pelo PSD a Oeiras e venceu. Ganhou mais quatro vezes. Em 2005, o partido não quis, porém, apoiá-lo. Isaltino desfiliou-se e concorreu como independente com o movimento Isaltino – Oeiras Mais à Frente. Venceu e derrotou o candidato social-democrata. Em 2009 voltou a ganhar a autarquia, como independente. Acabou, no entanto, por deixar a liderança de Oeiras, em 2013, para cumprir uma pena de prisão – 14 meses na prisão da Carregueira, pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais. Foi substituído pelo seu vice-presidente e, na altura, grande apoiante Paulo Vistas.