Costa: acordo foi "chave de ouro" para o Governo

António Costa não se refere às críticas dos três parceiros de coligação e diz que "não tem nenhuma razão de queixa" deles. O primeiro a ser referido foi o PEV, exactamente o primeiro a protestar contra o acordo da Concertação Social.

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Paulo Pimenta

Mal começou a falar, no início do jantar do grupo parlamentar do PS, esta quinta-feira à noite na Assembleia da República, António Costa disse que não iria dar "notícia". Mas tinha acabado de celebrar um acordo, de que se orgulha e do qual os parceiros reclamam, e talvez por isso tenha preferido fazer apenas referências gerais ao assunto, dizendo que o acordo para o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) foi a "chave de ouro" com que fecha 2016. 

Aos deputados do PS, no jantar de Natal, António Costa juntou o acordo para aumento do SMN com o balanço de um ano de Governo e com a mensagem do Presidente da República sobre o Orçamento do Estado, que avisou para os desafios "sérios" de 2017, para dizer que há impossíveis, mas que o Governo os quer "transformar em oportunidades". "Temos enormes desafios pela frente e todos os dias vão surgindo maiores dificuldades para enfrentarmos estes desafios. A melhor prova de que os impossíveis hão-de existir, mas que é sempre possível [os ] ir transformando em oportunidades é que fechámos este ano com chave de ouro com o acordo em Concertação Social, que o José António Vieira da Silva conseguiu para aumentar o salário mínimo", disse António Costa aos deputados.

A última dificuldade que apareceu ao Governo foi a oposição dos parceiros de esquerda a um desconto na Taxa Social Única (TSU) para os empregadores - a moeda de troca que o executivo deu para conseguir o sim dos patrões ao acordo para aumento do SMN para os 557 euros no início de 2017. Os Verdes admitem chamar o desconto na TSU ao Parlamento. Mas sobre este assunto, António Costa não falou. O primeiro-ministro não se referiu aos obstáculos colocados pelos partidos da esquerda sobre este assunto, preferindo, na única referência que fez aos parceiros no curto discurso aos deputados socialistas, falar em termos gerais de como tem corrido o ano. 

"É muito mais fácil quando se é oposição. Tem sido exemplar [a forma] como tem corrido este ano. Não temos nenhuma razão de queixa dos nossos parceiros – PEV, PCP e BE - mas temos muito a agradecer ao grupo parlamentar do PS a forma como tem sido o grande suporte deste governo", disse.

Muita paciência, paciente perante a impaciência

Paciência, diz o dicionário, pode ser lida como "capacidade de tolerar contrariedades, dissabores, infelicidades", mas também de "resignação". Esta foi a palavra escolhida por Carlos César para caracterizar o ano de 2016 para o grupo parlamentar do PS: "O grupo parlamentar do PS orgulha-se da paciência que tem com o Governo, mas também dos múltiplos sucessos que tem conseguido e dos múltiplos desafios que tem enfrentado". E há um que tem superado "com sucesso": "O de ter também paciência com o grupo parlamentar do PS. Tivemos de ter paciência com o Governo e o Governo connosco".

Mas não se pense que a paciência não é mútua nem contagiosa. Ferro Rodrigues, o presidente da Assembleia da República, admite que o cargo que tem "exige um paciência muito grande". Mas também é verdade que tem "procurado essa capacidade de ser mais paciente". "Sou certamente mais paciente do que era quando era presidente do grupo parlamentar do PS".

Chegou a vez de António Costa falar só das boas notícias, para dizer aos deputados que, ao contrário de há um ano, estão com novo ar: "Este ano foi um ano muito exaltante – muitas experiências novas. Há um ano as caras eram menos sorridentes do que são hoje – havia muita ansiedade e muitas dúvidas".

E para dissipar essas dúvidas, o primeiro-ministro, aqui na pele também de líder do PS, salientou que o Governo cumpriu o Orçamento de 2016: "E podemos hoje dizer que temos a melhor execução orçamental dos últimos 42 anos".

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