Rebeldes perdem cerca de 60% de Alepo
Continuam presas nas zonas sob ataque do regime cerca de 250 mil pessoas. Cirurgias no Leste da cidade são agora feitas a sangue-frio.
O regime sírio de Bashar al-Assad retomou uma série de zonas controladas pelos rebeldes na grande cidade de Alepo, reduzindo o território destes em cerca de 60% num período de cerca de três semanas, dizem a emissora britânica BBC e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.
Com a ofensiva do regime a avançar, a vida na parte oriental da cidade está praticamente impossível. Num local que já viu ataques a escolas, a hospitais, bancos de sangue, ambulâncias, ou até padarias quando tudo o que havia para comer era pão, as condições de vida conseguem, ainda assim, piorar.
A ONU diz que há cirurgias a ser feitas a sangue frio por falta de medicamentos para a anestesia. A falta de comida, que já era aguda, com apenas pão e o que quer que conseguisse crescer no local (ou seja pouco mais do que ervas aromáticas), tornou-se tão terrível que as pessoas procuram entre lixo e destroços por qualquer alimento. A tudo junta-se o frio que começa a fazer-se sentir.
Com a reconquista da zona de Tariq al-Bab, há quatro anos nas mãos dos rebeldes, o regime consegue agora uma ligação entre as zonas que já controlava e o aeroporto de Alepo.
Enquanto isso, há ainda 250 mil pessoas encurraladas na zona Leste da cidade, controlada pelos rebeldes. Mais de um em cada dez residentes de Alepo fugiram na semana passada, segundo as Nações Unidas: cerca de 19 mil passaram para zonas controladas pelo Governo, cerca de 10 mil para um enclave controlado por tropas curdas, e 5 mil para outras zonas controladas pelos rebeldes. Quase dois terços dos deslocados são crianças.
O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, disse esperar que pudesse ser encontrado “algum tipo de fórmula” para evitar uma “batalha terrível” em Alepo, que o regime quer ganhar a todo o custo.
“O nó está a apertar-se muito depressa”, disse um responsável médico à Associated Press. “Os nossos recursos estão a esgotar-se.”