O próximo líder de Angola é discreto e não tem laços óbvios à corrupção
O actual ministro da Defesa, João Lourenço, de 60 anos, é o senhor que se segue.
Quando foi escolhido para segundo homem do partido no poder em Angola, em Agosto, João Lourenço declarou-se “um bocado surpreendido” e talvez estivesse a ser sincero. Seja como for, o actual ministro da Defesa já saberia da decisão de José Eduardo dos Santos quando foi eleito no Comité Central do MPLA.
Militar com prestígio nas Forças Armadas, foi o único ministro da Defesa a dispor de autonomia e protagonismo, substituindo até o Presidente em deslocações ao estrangeiro, nota uma análise no Africa Monitor. Para além disso, despachava directamente com Dos Santos e não com o chefe da Casa Militar.
Tido como discreto e sem grandes rasgos intelectuais, é um homem que conhece bem o aparelho partidário e goza de uma boa aceitação no partido e no regime. Foi secretário-geral do MPLA e comissário político das antigas FAPLA (o exército do partido).
Casado com Ana Dias Lourenço, que trabalha no Banco Mundial, tem uma família vista como conceituada. Mais importante ainda, tendo em conta o desgaste do Presidente e do próprio regime, bem como as tentativas recentes de protestos, não aparece ligado à corrupção nem a nenhum dos muitos suspeitos negócios privados que dão milhões a ganhar a uma parte da liderança angolana.
João Lourenço tem 60 anos e é muito próximo do ainda líder – depois de um período de afastamento a que foi votado na sequência de declarações sobre a sucessão que Dos Santos considerou inapropriadas. Estatuto político, prestígio social e reabilitação política, tudo contribuiu para ser o “delfim” designado.