Moscovici diz que Portugal está a sair da crise embora os efeitos ainda se sintam
Ao lado de Centeno, o Comissário Europeu insiste que o Governo não precisa de apresentar medidas adicionais para 2017.
Quando em Março apareceu ao lado de Mário Centeno para falar do Orçamento deste ano, o tom era já de compromisso, mas repleto de avisos de que Bruxelas ia estar vigilante. Desta vez, de novo em Lisboa a falar ao lado do ministro das Finanças, o Comissário Europeu Pierre Moscovici carregou na mensagem de “encorajamento” e “confiança” em relação ao Governo português. A leitura que faz hoje da realidade é esta: “Portugal está a sair da crise económica, mesmo que a sociedade portuguesa continue a sentir os seus efeitos”.
As palavras foram ditas numa conferência de imprensa conjunta com Centeno no Salão Nobre do Ministério das Finanças, onde exactamente há oito meses Moscovici alertava para os vários riscos que a economia portuguesa enfrentava.
Mas se desta vez falou em “boas notícias”, notando o facto de Portugal estar a reduzir o défice e de os riscos identificados pela Comissão Europeia em relação ao OE de 2017 serem “contidos”, Moscovici frisou que o país enfrenta desafios pela frente. Avisou que ainda há trabalho para fazer em áreas fundamentais da economia e que é preciso também responder aos “desafios sociais”.
Pierre Moscovici reforçou que Portugal “não precisa de apresentar medidas adicionais para 2017 se os riscos identificados não se materializarem”. E mostrou-se confiante perante o facto de a economia ter crescido mais do que o esperado no terceiro trimestre.
De manhã, onde foi ouvido no Parlamento português, o comissário europeu já tinha admitido a possibilidade de Bruxelas rever em alta as suas projecções económicas no futuro.
A presença ao lado de Mário Centeno foi uma forma de o comissário mostrar aquilo que o ministro das Finanças definia como um “diálogo construtivo” entre o Governo português e a Comissão.
Num discurso sem grandes novidades em relação às posições que já tomou esta semana sobre o OE e a economia portuguesa, Moscovici enfatizou que “Portugal está a recuperar ou e a reformar, e a Comissão Europeia estará ao vosso lado se continuarem neste caminho”.
E, como tem feito em Bruxelas, falando agora do conjunto da zona euro, disse que os países com “margem orçamental devem usá-la para investir mais, para seu benefício e para benefício de todos”. Uma mensagem que não tem Portugal como destinatário, mas países com mais margem nas contas públicas, como a Alemanha, a quem Bruxelas tem pedido mais medidas de estímulo económico que puxem por toda a economia europeia.