Administradores de empresas vistos como a classe mais corrupta
Estudo mostra que portugueses não confiam nas instituições públicas com a mesma intensidade com que desconfiam dos políticos.
Os administradores e gestores de empresas surgem, aos olhos dos portugueses, como a classe que lidera a cadeia de corrupção no país. Um total de 91% dos inquiridos no estudo de opinião da Transparência Internacional identifica os “business executives” como a profissão onde alguns, a maioria ou todos estão envolvidos em esquemas de corrupção.
Os níveis de desconfiança não descem muito quando se fala de autarquias locais e deputados (88%), seguidos pela polícia (87%), pelos oficiais de impostos (85%), membros do Governo (84%) e juízes (82%). Nesta hierarquia de suspeição surgem também muito cotados os líderes religiosos, com 78%, acima dos membros do gabinete do primeiro-ministro e da Presidência da República (ambos com 74%).
O estudo da Transparência Internacional foi feito através de 1008 entrevistas em Portugal Continental efectuadas pessoalmente ou por telefone, entre 4 e 26 de Janeiro deste ano, numa altura de campanha eleitoral para a Presidência da República e com um governo recém-empossado.
Neste contexto, não é possível fazer leituras fiáveis sobre os quadros mentais que poderão ter influenciado mais os inquiridos. Mas os níveis de desconfiança sobre os políticos em geral, os empresários e os funcionários do Estado não deixam dúvidas sobre a erosão da confiança no sector público.
É de considerar, no entanto, que a corrupção percepcionada não tem grande expressão em matéria de subornos: apenas 10% dizem ter pago luvas no último ano, em diferentes sectores, de que se destacam a polícia rodoviária (3%) e os serviços de saúde (2%).
O estudo mostra também que 48% dos inquiridos consideram que no ano anterior a corrupção no país aumentou e 39% considera que se manteve na mesma. Só os restantes consideram que diminuiu.