Presidente sul-coreana vai ser interrogada esta semana

Seul assistiu às maiores manifestações das últimas décadas por causa do escândalo de corrupção que envolve Park Geun-hye.

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Manifestantes pedem a demissão da Presidente sul-coreana AFP/ED JONES

Os procuradores sul-coreanos querem ouvir a Presidente, Park Geun-hye, no âmbito das investigações ao escândalo de corrupção que envolve a amiga de longa data da chefe de Estado, Choi Soon-sil, e que abriu uma crise política sem precedentes no país.

O pedido para o interrogatório foi enviado neste domingo, disse o gabinete do Ministério Público, citado pela agência Yonhap. O interrogatório marca a entrada oficial da Presidente nas investigações, que até agora se tinham concentrado em Choi e em algumas empresas do país.

É a primeira vez que um chefe de Estado sul-coreano é interrogado por procuradores – algo que deverá acontecer na terça ou quarta-feira, diz o gabinete.

Park já tinha manifestado a intenção de cooperar com as investigações, mas tem afastado a possibilidade de se demitir, apesar da crescente contestação política e social.

No sábado, dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em protesto contra a Presidente. Os organizadores dos protestos dizem que as manifestações em Seul juntaram um milhão de pessoas, embora a polícia refira menos de 200 mil. O Guardian diz tratarem-se das manifestações mais participadas desde os protestos do final dos anos 1980 contra a junta militar que governava o país.

Amigas, amigas, negócios à mistura

O país está mergulhado numa crise política há já mais de três semanas, desde que vieram a público os primeiros pormenores sobre o caso que envolve Choi Soon-sil, uma amiga de infância da Presidente que terá usado essa relação para pressionar grandes empresas – como a Samsung – a fazer doações para fundações que lhe estavam associadas.

Foram ainda revelados indícios de que Park terá dado a Choi acesso privilegiado a informação confidencial e até enviado discursos para que a amiga fizesse sugestões e alterações. Choi e uma ex-assessora de Park estão acusadas de abuso de poder e fraude.

A relação das duas mulheres tem origem na amizade entre os seus pais, que passou por padrões muito semelhantes. Choi Soon-sil é filha de um líder de uma seita que já tinha sido um amigo próximo do pai de Park, o ex-Presidente Park Chung-hee.

Para tentar gerir a pressão política que se abateu sobre si, Park fez várias mudanças no Governo, tendo até substituído o primeiro-ministro. A oposição está a aproveitar a situação para enfraquecer o poder de Park, numa altura em que resta pouco mais de um ano até ao final do seu mandato – na Coreia do Sul o mandato presidencial é único e não renovável.

Este domingo, o presidente do construtor de automóveis Hyundai foi ouvido no âmbito deste caso e o mesmo deverá acontecer com o líder da Samsung.

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