Theresa May defende imprensa que acusou juízes de serem "inimigos do povo"

Comentando a reacção de alguma imprensa britânica à decisão do Tribunal Superior que obriga o Governo a ter o aval do Parlamento antes de iniciar formalmente negociações para o Brexit, a primeira-ministra britânica disse "valorizar a liberdade de imprensa",

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A primeira-ministra britânica falou à imprensa no avião que a conduziu a Nova Deli, primeira paragem numa visita de dois dias à Índia AFP/MONEY SHARMA

Theresa May, a primeira-ministra britânica, saiu em defesa da imprensa que acusou os juízes britânicos de serem inimigos do povo, na sequência da decisão do Tribunal Superior britânico de que o Governo não pode acionar, sem o aval do Parlamento, o artigo 50 do Tratado da União Europeia que dá início ao processo formal de abandono da União Europeia. “Eu acredito e valorizo a independência do nosso poder judicial, mas também valorizo a liberdade de imprensa. Ambos sustentam a nossa democracia”, declarou May à imprensa, a bordo de um avião que a transportava até Deli.

Theresa May acentuou ainda a sua determinação em ultrapassar a decisão do tribunal, deixando o aviso aos deputados britânicos de que é seu dever respeitarem os resultados do referendo de Junho. Reforçou também que a questão do controlo da imigração, central nos argumentos utilizados na campanha pelo Brexit, é por isso mesmo intocável e não será alvo de negociação com a União Europeia. “Acredito que é importante para o governo do Reino Unido cumprir em relação a essa questão”, afirmou, citada pelo Guardian.

Os Trabalhistas, por sua vez, confirmam que não tomarão qualquer iniciativa para bloquear o processo. Uma fonte próxima do líder trabalhista, Jeremy Corbyn, afirmou ao Telegraph que o objectivo do partido será “rectificar ou influenciar os termos negociais do governo se estes não corresponderem às nossas linhas vermelhas”.

Entretanto, Gina Miller, a gestora de investimentos que liderou o processo que culminou na decisão do Tribunal Superior Britânico, mantém que o Brexit será um “desastre” para o Reino Unido e que levará a um “êxodo” empresarial de Londres. Di-lo enquanto é alvo de diversos tipos de ameaças por parte de partidários do Brexit que consideram que a sua acção atentou contra a democracia britânica. “Não estou preocupada com a maioria das ameaças que tenho recebido, mas estou assustada com a ameaça de um ataque com ácido que surgiu”. Quanto à decisão de apelar para Tribunal Superior Britânico, disse que não tem qualquer intenção de se iniciar na política. “Isto foi sobre fazer o que é certo”, declarou ao Finantial Times.

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