Clinton reúne poder de estrelas, Trump apresenta-se sozinho
São os dois dias mais importantes da campanha presidencial. No tudo por tudo dos candidatos, a palavra de ordem é a mesma: votem.
Os dois candidatos à presidência da América começaram o último fim-de-semana antes da votação no importante estado da Florida, mas em locais diferentes que espelham o público alvo e o caminho divergente de cada um até à Casa Branca: a democrata Hillary Clinton em cidades onde vivem muitas minorias; o republicano Donald Trump em localidades com grande percentagem de homens, brancos, de classe operária.
A principal tarefa dos candidatos é, neste momento, convencer os seus apoiantes a ir mesmo votar. Para Clinton isso significa falar em localidades culturalmente diversas, para Trump em pequenas cidades e zonas rurais do país.
A democrata recebeu o apoio de uma série de estrelas da música, aparecendo num concerto de Jay-Z e Beyoncé (gratuito, com o levantamento de bilhetes perto de locais de voto antecipado) em Cleveland, Ohio, um estado onde está atrás de Trump (mas que Obama venceu em 2012). Este sábado, a fazer campanha por Clinton estiveram Katy Perry, Bon Jovi e Stevie Wonder. No domingo, de novo em Cleveland, será o jogador da NBA LeBron James a apelar ao voto.
Já Donald Trump apresenta-se sozinho, como um candidato anti-sistema, prometendo “drenar o pântano”, referindo-se aos políticos e às políticas de Washington.
Apesar das sondagens darem um quadro de aproximação dos dois, Clinton ainda se mantém favorita e o seu caminho para conseguir os 270 votos do Colégio Eleitoral necessários para ser Presidente parece ter mais alternativas do que o de Trump. Segundo uma projecção da estação de televisão NBC, 182 votos do Colégio Eleitoral estão garantidos para a democrata, com mais 92 a pender para o seu lado, num total projectado de 274. Já Trump tem 71 votos seguros, com 109 a pender para o seu lado, com um total projectado de 180.
Trump tem absolutamente de vencer em alguns estados, como a Florida, onde neste momento tem uma vantagem estatisticamente irrelevante de meio ponto percentual, enquanto Clinton conta com uma série de alternativas caso perca alguns estados.
A democrata tinha segura uma chamada parede corta-fogo (firewall): Michigan, Wisconsin, Virgínia, Colorado, Pensilvânia e New Hampshire, seis estados que estavam a seu favor e que lhe garantiriam uma vitória mesmo se perdesse noutros tradicionalmente mais competitivos. Mas caso algum destes falhe, pode sempre recorrer ao Nevada ou à Carolina do Norte como plano B.
Assim, Trump tem mais a percorrer na recta final, que será frenética: ele viajará por nove estados, incluindo a Pensilvânia, tentando quebrar a firewall de Clinton, Carolina do Norte e o Nevada; ela por cinco, focando-se nos estados cruciais e fazendo ainda esforços em locais importantes como o Ohio, A campanha de Clinton considera ainda fazer campanha no Arizona, um estado tradicionalmente republicano, e no Utah, onde a vantagem republicana poderá ser diminuída pela oposição de muitos mórmons a Trump.