As cores que Bob Dylan tem na cabeça

Exposição em Londres mostra cerca de 200 obras em que o músico pinta a paisagem americana.

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Endless Highway AFP/ADRIAN DENNIS
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Sunday Afternoon e Vista From Balcony AFP/ADRIAN DENNIS
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"Manhattan Bridge, Downtown New York" AFP/ADRIAN DENNIS
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East LA Arcade AFP/ADRIAN DENNIS
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Na route 66 AFP/ADRIAN DENNIS
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“Finalmente estava aqui, em Nova Iorque, uma cidade que era uma rede demasiado intrincada para se perceber e eu não ia tentar… Nova Iorque, a cidade que ia dar forma ao meu destino.” As frases, retiradas das memórias de Bob Dylan, Crónicas, estão sobre uma das pinturas da exposição dedicada ao artista na Halcyon Gallery, em Londres, que afirma um artista prolífico, escreve a AFP, depois do músico ter sido distinguido, recentemente, com o prémio Nobel da Literatura. O músico, o escritor, o actor, o realizador e ainda o artista plástico.

A pintura Manhattan Bridge, Downtown New York mostra uma das imagens mais conhecidas de Nova Iorque, da ponte que liga Manhattan a Brooklyn na perspectiva de Washington Street, e este momento escolhido pelas Crónicas reflecte o ano de 1961, quando Robert Zimmerman, futuro Bob Dylan, chega à cidade e se instala em Greenwich Village. Logo a seguir o texto das Crónicas dirá: "Gomorra moderna. Estava no ponto de iniciação do primeiro quadrado, mas em nenhum sentido era um neófito."

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O músico no Festival Bluesfest, na Austrália AFP

A exposição, intitulada The Beathen Path, junta cerca de 200 obras do autor norte-americano, entre desenhos, aguarelas e acrílicos sobre tela, e mostra a visão de Bob Dylan da paisagem americana, muitas vezes urbana. Com abertura marcada para este sábado, ficará em Londres até 11 de Dezembro. “É uma grande honra para nós acolher esta exposição no momento em que ele recebe essa homenagem”, disse o director da galeria, Paul Green, à AFP, referindo-se ao facto de Dylan ter finalmente anunciado, na semana passada, que estará em Estocolmo para receber o Nobel, depois de ter estado incontactável desde que o prémio foi surpreendentemente anunciado pela Academia Sueca a 13 de Outubro, que pela primeira vez distinguiu um autor de canções.

Segundo o galerista, é no início dos anos de 1960 que Dylan começa a explorar as artes visuais. E esta não é a sua primeira exposição. “A paixão de Dylan pela arte recua até ao momento em que se instala em Nova Iorque. A sua namorada Suze Rotolo mostrava-lhe um pouco de tudo nos museus”, conta Paul Green. Nunca pára de pintar e aproveita, muitas vezes, a “Never Ending Tour” - a sua “Digressão Interminável” iniciada em meados dos anos 1980 - para explorar a paisagem americana. “O ponto comum destas obras são as paisagens americanas e a maneira como eu as sinto ao percorrer o país”, explica o artista num texto introdutório à exposição, citado pela AFP. E sublinha, fiel a si mesmo: “Mantenho-me afastado dos caminhos batidos.” Mas além da ponte, talvez um dos spots mais instagramados de Nova Iorque, não falta um motel na célebre route 66, em pleno deserto de Mojave.

Endless Highway, uma das obras que o galerista destacou, a maior pintura que Bob Dylan já fez, é uma auto-estrada sem fim, uma alegoria à vida do artista: sempre na estrada, entre duas cidades, entre dois hotéis, “continuamente em tournée”.

Ou como diz a canção, Lay Lady Lay: “Whatever colors you have in your mind / I'll show them to you and you'll see them shine.”

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