O melhor resultado das conversações entre o Reino Unido e a União Europeia sobre a saída deste país do grupo de Bruxelas seria que essa saída não acontecesse, dizem conselheiros económicos do Governo alemão.

Num documento divulgado antes do anúncio da decisão do tribunal britânico de que é necessário ouvir o Parlamento sobre a saída do Reino Unido, o grupo conhecido como os "sábios" sublinha que “dado as consequências, os actores políticos não devem partir do princípio demasiado cedo de que o 'Brexit' vai mesmo acontecer”, sublinhando que mesmo que seja accionado o artigo 50, “ainda será possível impedir o 'Brexit'”.

Embora refiram consequências económicas – sobretudo para o lado britânico –, os sábios dizem que as principais consequências serão políticas. Daí que nas negociações, dizem os "sábios", o primeiro objectivo deveria “minimizar os custos para ambos os lados” e isso inclui o evitar da saída. A concretizar-se, os "sábios" aconselham abertura para ouvir as exigências britânicas, avisando no entanto para o perigo de, se o Reino Unido beneficiar de “uma posição muito branda, poderá encorajar outros países a imitá-lo, com consequências imprevisíveis”, diz o relatório.

O Conselho Alemão de Peritos Económicos, organismo que existe desde 1963 para aconselhar o Governo, vai assim contra a posição dominante tanto na Alemanha como no Reino Unido de que a vitória do “sim” à saída no referendo quer dizer que vai mesmo haver um "Brexit".

A chanceler, Angela Merkel, também tem avisado que Londres não poderá escolher as liberdades da União Europeia que quer manter e outras que não quer, entre as quatro fundamentais – o movimento de bens, serviços, capital e trabalho.