Naufrágios ao largo da Líbia fazem pelo menos 240 mortos e desaparecidos
Os números não são ainda exactos, mas de acordo com as Nações Unidas existem mais de duas centenas de mortos e desaparecidos.
Nas últimas 48 horas, pelo menos 240 de migrantes e refugiados morreram ou estão desaparecidos no Mediterrâneo, depois de dois naufrágios ao largo da Líbia, Norte de África, avançou uma porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Inicialmente, as autoridades reportaram a existência de 110 mortos na sequência do naufrágio de uma embarcação no mar Mediterrâneo na quinta-feira, mas um outro acidente com um bote de borracha, na quarta-feira, levou a rever o número de vítimas, que aumentou para mais de duas centenas: segundo os ocupantes que foram salvos pela marinha italiana, cada barco teria entre 150 a 170 pessoas a bordo.
"As duas embarcações eram botes de borracha que estavam a abarrotar de migrantes e que não resistiram à força da ondulação provocada pelo mau tempo. Estimamos que transportassem mais de 300 pessoas", disse o porta-voz da Organização Internacional para as Migrações, Leonard Doyle. Segundo o mesmo responsável, apesar de todos os esforços, a operação de resgate no mar coordenada pela Guarda Costeira italiana, e que envolveu cinco navios de salvamento, só conseguiu evitar o afogamento de 58 pessoas.
Os sobreviventes explicaram também que as medidas tomadas recentemente pela União Europeia, em termos de política migratória e de patrulhamento marítimo, estarão a pressionar os grupos que se dedicam ao contrabando de seres humanos no Mediterrâneo. Segundo disseram, os contrabandistas avisam os candidatos a asilo de que, depois da conclusão das missões de treino das autoridades europeias, quem for resgatado em alto mar será devolvido à Líbia e não transportado para a costa italiana. E por isso, muitos concordam fazer a viagem em condições metereológicas adversas.
Além disso, as missões de segurança resultam muitas vezes na apreensão e destruição dos barcos de pesca que eram usados por estas redes, que cada vez mais recorrem a embarcações que não garantem as condições mínimas de navegabilidade em alto mar. "Os contrabandistas so estão interessados em ganhar dinheiro. Como os migrantes estão determinados em partir, levam-nos em botes totalmente inseguros", lamenta Leonard Doyle.
O alto comissário para os Refugiados, Filippo Grandi, exprimiu a sua "profunda tristeza" perante mais uma tragédia que, como frisou, poderia ser evitada se mais países europeus respeitassem os programas de acolhimento de refugiados, garantindo que populações desesperadas podem aceder ao continente em segurança. Assim, notou, continuam a arriscar a vida na travessia do Mediterrâneo.
Os números parecem confirmar esta tendência: em Outubro, 27.388 migrantes desembarcaram em Itália, um valor superior aos doi´s últimos meses de Outubro combinados. Desde o início de 2016, já foram 158 mil, de acordo com os números da Organização Internacional para as Migrações.
Este ano já morreram cerca de 4200 refugiados ao tentar atravessar o mar Mediterrâneo, mais do que as 3777 mortes registadas durante todo o ano anterior. A zona do Mediterrâneo Central é utilizada sobretudo por pessoas provenientes de países africanos, como a Eritreia, a Somália ou o Sudão.