Presidente sul-coreana muda Governo por causa de polémica com a amiga

Park Geun-hye anunciou a substituição de três ministros, incluindo o chefe do executivo, para tentar acalmar críticas da oposição.

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Manifestantes com máscaras com as caras de Choi (esquerda) e Park, durante protestos no último fim-de-semana Jung Yeon-je / AFP

O escândalo em torno da amizade entre a Presidente sul-coreana e uma empresária detida esta semana começa a ter os seus primeiros efeitos políticos e ameaça não ficar por aqui. Para tentar aplacar as críticas à sua volta, Park Geun-hye anunciou esta quarta-feira uma remodelação governamental.

O primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn, foi substituído por Kim Byong-joon, antigo conselheiro do ex-Presidente liberal, Roh Moo-hyun. O objectivo de Park, conservadora, é conseguir assegurar algum tipo de apoio da oposição liberal. A Presidente também substitui os ministros das Finanças e da Segurança Pública. O cargo de primeiro-ministro é quase simbólico na Coreia do Sul, onde a Presidente tem muito poder.

As mudanças requerem, no entanto, o apoio do Parlamento e a oposição já fez saber que não quer facilitar a vida a Park. “Esta substituição do primeiro-ministro e do ministro das Finanças não pode acontecer sem ser discutida com a oposição. Não iremos apoiar uma decisão para alterar a situação actual com uma mudança de pessoal”, afirmou o líder do Partido do Povo, Park Jie-won.

A contestação contra a Presidente sul-coreana tem subido de tom nos últimos dias, à medida que se foram conhecendo os contornos da sua relação de amizade com Choi Soon-sil. Há mais de 40 anos que as duas mulheres são amigas próximas e têm-se avolumado os receios de que Choi exerça uma influência significativa sobre Park, incluindo na gestão de assuntos de Estado.

Uma televisão sul-coreana revelou que Park chegou a enviar esboços de discursos a Choi para que a amiga os alterasse e fizesse recomendações. Há ainda suspeitas de que Choi – cujo pai também era muito próximo do pai de Park e antigo Presidente – terá usado a sua ligação com Park para acumular uma fortuna.

Na segunda-feira, Choi foi detida por ordem do Ministério Público, depois de interrogada por causa do alegado favorecimento de empresas que lhe são ligadas. Os procuradores pedem agora um mandado de captura para a manter presa durante mais tempo. Foram ainda feitas buscas em oito instituições bancárias para tentar recolher informações sobre transacções feitas por Choi.

No meio do furacão está Park, que enfrenta a contestação nas ruas e a queda da sua popularidade. Milhares de pessoas manifestaram-se durante o fim-de-semana numa das principais praças de Seul a pedir a sua demissão. Esta quarta-feira foi a vez do presidente da câmara da capital, Park Won-soon, juntar a sua voz à indignação. “Park deve demitir-se imediatamente. A Presidente perdeu a sua autoridade e a confiança”, disse o autarca liberal, citado pela agência Yonhap – críticas de autarcas a dirigentes nacionais são raras na Coreia do Sul.

As sondagens mais recentes mostram que a popularidade de Park está em torno dos 10%, o valor mais baixo desde que tomou posse em Fevereiro de 2013, com metade dos inquiridos a defender a demissão da Presidente.

 

 

 

 

 

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