Técnica não dá garantias de uma gravidez

Vitrificação dos óvulos não deve ser banalizada, diz médico Alberto Barros.

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asm ADRIANO MIRANDA

O Estado financia a criopreservação de ovócitos nos casos em que a sobrevivência das células reprodutoras é posta em risco por razões de saúde, nomeadamente do foro oncológico. O médico Alberto Barros sustenta que, no plano dos princípios, o Estado não devia permitir que as pessoas fiquem dependentes da sua capacidade económica para recorrerem a esta técnica. Sendo os recursos limitados, porém, “é compreensível que a prioridade seja o tratamento das pessoas inférteis”.

Por outro lado, o especialista nota que é importante garantir que as pessoas não encontrem na vitrificação dos óvulos “um factor artificial de descanso e de tranquilização”. “É uma técnica importante mas que não deve ser banalizada, isto é, as mulheres não devem adiar desnecessariamente o seu projecto procriativo, porque, mesmo que congelem 10 ou 15 ovócitos, alguns degeneram na altura da descongelação. E aí a mulher pode não ter a possibilidade de tentar de novo porque a sua idade já não permite”.

Por temer que a criopreservação de ovócitos degenerasse na propagação de “mensagens demagógicas e perigosas”, capazes de levar as mulheres a adiar “tranquila mas perigosamente” a concretização de uma gravidez, o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, de que Alberto Barros é membro, recomendou em 2012 (antes de empresas como o Facebook e a Apple se terem predisposto a pagar a congelação de ovócitos às suas funcionárias) que os centros de PMA fornecessem aos potenciais interessados um “esclarecimento rigoroso e cabal" acerca dos limites da técnica.

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