A voar para Cuba, o Presidente da República recusou-se a comentar questões nacionais, nomeadamente os salários da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que não estava em território nacional e invocou o facto de estar a viajar num avião da Air France para justificar a falta de comentários à política nacional, apesar de já o ter feito diversas vezes anteriormente. Na Suíça, por exemplo, comparou o consenso entre biliões de neurónios ao consenso entre partidos.

A caminho do encontro com o homólogo cubano, Marcelo optou por uma postura diferente. Voasse num avião da TAP e seria diferente, dá a entender o chefe de Estado. “Não é sequer um avião da TAP. Não comento a política portuguesa", respondeu quando questionado sobre os salários da administração da CGD, cita a agência Lusa.

“Não comento, não comento”, respondia o Presidente da República a cada questão sobre a actualidade portuguesa, incluindo sobre eventuais desentendimentos à esquerda, depois da entrega do Orçamento do Estado para 2017. Não obstante, garantiu que estava tranquilo. “Olhando para a minha cara, acha-me com cara de preocupado?”, disse, quando confrontado com a polémica dos salários da CGD.

Antes da viagem, durante a passada semana, Marcelo tinha defendido que "não é possível nem desejável" pagar aos administradores de um banco com fundos públicos o mesmo valor que aos administradores de um banco privado.

O presidente da CGD, António Domingues, receberá um salário anual bruto de 423 mil euros, o correspondente a cerca de 30 mil euros por mês (pago em 14 meses). Ao salário mensal, Domingues vai poder somar a partir de Janeiro a pensão a que tem direito pelos descontos efectuados ao longo da carreira contributiva no BPI.

O Presidente da República realiza entre esta quarta e quinta-feira uma visita de Estado inédita a Cuba, onde se reunirá com o chefe de Estado cubano, Raúl Castro, e poderá também encontrar-se com Fidel Castro.