Tesla equipa todos os seus carros para andarem sozinhos

Automóveis passarão a ter os sensores, câmaras e computador, bastando depois serem actualizados com o software para condução autónoma.

Foto
Tesla tem apostado apostar na tecnologia de condução autónoma Reuters/BECK DIEFENBACH

Pode ainda não ser possível pôr a ideia totalmente em prática, mas o objectivo é que no futuro um condutor possa nem tocar no volante quando se sentar num carro da Tesla. A marca anunciou nesta quarta-feira que todos os veículos que está a fabricar terão equipamento que permite que se conduzam sozinhos, prometendo um nível de segurança maior do que o garantido por uma pessoa. Pelo menos é este o plano do excêntrico fundador, Elon Musk.

A convicção está, aliás, expressa na nota que foi divulgada nesta quarta-feira no site da Tesla. Segundo a marca, a ideia servirá não só para facilitar a condução, poupar dinheiro (porque os carros ficam equipados, mesmo que o sistema ainda não possa ser usado) e aumentar a segurança (mesmo que a Tesla tivesse sofrido um duro revés nos seus planos quando, em Maio, um homem morreu num carro com piloto-automático).

Os carros terão, a partir de agora, oito câmaras com uma visibilidade de 360º numa distância que pode ir até aos 250 metros; tudo isto somado a um sistema que dizem ter sido melhorado e que inclui doze sensores. Os veículos terão um radar para recolher informações e ver mesmo com chuva forte, neblina, poeira e também o carro em frente. Os carros terão ainda um novo computador de bordo com um processador 40 vezes mais rápido. Resumindo, garante a marca: “Este sistema proporciona uma visão do mundo que um condutor, por si só, não consegue ter. Vê em todas as direcções ao mesmo tempo e em comprimentos de onda que vão muito além dos sentidos humanos”, lê-se na nota divulgada nesta quarta-feira.

A marca assegura que ainda vai “calibrar mais o sistema”, percorrendo muitos quilómetros de estrada, reunindo informações sobre o desempenho dos carros, para garantir, entre outros objectivos, que tudo o que está a ser desenvolvido ofereça segurança.

Na prática isto significa que, para já – antes de validar o sistema e obter as autorizações necessárias – os carros ainda não serão totalmente autónomos. Aliás o fundador da Tesla, Elon Musk, citado por vários órgãos de comunicação, já disse isso mesmo – é preciso esperar pela luz verde de reguladores (e condutores) – mas, ainda assim, o que está em marcha é “basicamente um super-computador num carro”, ilustrou. Ou seja, mesmo que o hardware ainda não possa ser usado, tê-lo já nos carros permite poupar dinheiro a quem os comprar – depois bastar actualizar ou activar o sistema, não é preciso instalá-lo de raiz, isso custaria mais do que um carro novo, justifica Elon Musk.

A fabricante americana de carros eléctricos, que tem vindo a apostar na tecnologia de condução autónoma, tal como estão a fazer o Google e várias marcas de automóveis, tinha anunciado no ano passado que iria avançar com uma actualização de software que permitia precisamente que os carros se conduzissem sozinhos em autoestradas ou a baixa velocidade em propriedades privadas.

Apesar de o caminho já estar a ser trilhado e de a marca já ter avançado também com um sistema de piloto automático que permitia, por exemplo, a auto-travagem, a BBC alerta, num artigo sobre o tema, que ainda poderá demorar anos até que possamos ver por aí carros que se conduzem sozinhos.

A BBC mostra-se, aliás, céptica em relação ao “verdadeiro salto tecnológico” anunciado por Elon Musk. No artigo, considera-se que se trata para já de uma declaração de intenções e que o anúncio parece mais ter como objectivo “manter a confiança dos investidores”, mostrar-lhes que ainda vale a pena apoiar a Tesla, apesar das vendas e das receitas terem ficado aquém no ano passado.

Aquele sistema de piloto automático que a marca instalou nos modelos S e X – que permite, por exemplo, mudar automaticamente de faixa – não foi propriamente bem-sucedido. Em Maio, um homem morreu quando conduzia um daqueles modelos – o carro bateu contra um camião. Elon Musk mostrou-se desagradado com a cobertura noticiosa que foi feita deste acidente.

Sugerir correcção
Comentar