PSOE da Andaluzia defende a abstenção perante Governo PP
Os socialistas têm poucos dias para decidir a sua atitude mas a falta de alternativa e o temor de eleições favorecem o “sim”.
O PSOE da Andaluzia, liderado por Susana Díaz, propôs ontem pela primeira vez e de forma explícita a abstenção no voto de investidura de um Governo de Mariano Rajoy e do Partido Popular, recusando terceiras eleições legislativas. Após a reunião da sua comissão executiva, Juan Conejo, “número dois” dos socialistas andaluzes, a maior federação do partido, declarou: “Houve unanimidade para evitar terceiras eleições e a abstenção é a única saída. Não me produz urticária.” Também ontem de manhã, Miquel Iceta, primeiro secretário do Partido Socialista da Catalunha, defendeu a tese oposta e garantiu que não investirá o líder do PP, “faça o que fizer o PSOE”.
É a abertura de hostilidades antes da reunião do Comité Federal do PSOE do próximo domingo que decidirá a posição a assumir. Na terça-feira haverá uma reunião entre a “Gestora”, que dirige o partido desde a demissão de Pedro Sánchez, e deputados e senadores para aplanar o caminho. A “Gestora” tenta apaziguar os ânimos e por isso não faz uma proposta, que deverá partir de uma ou mais federações.
Mas o seu presidente, Javier Fernández, chefe do governo das Astúrias, tem sido claro: terceiras eleições seriam um desastre para a Espanha e para o PSOE. Argumenta ainda que “um governo maioritário de Rajoy é pior do que um governo em minoria do PP”. Todas as sondagens indicam que eleições em Dezembro provocariam uma forte subida do PP e o declínio do PSOE, que seria ultrapassado pelo Unidos Podemos, de Pablo Iglesias.
A luta entre as duas correntes é expressa na pergunta a fazer. Para a “Gestora” incidirá sobre a realização de terceiras eleições; para os “sanchistas” deverá ser sobre se o partido investe ou não Rajoy.
Apenas 14 dias
Se a maioria dos eleitores do PSOE, 67%, se opõe a eleições, haverá um considerável número de militantes que discordam da abstenção na investidura de Rajoy. Seis dos sete presidentes autonómicos do partido aprovam a abstenção. Mas há deputados que dizem permanecer fiéis ao “não é não” de Sánchez. O calendário é apertadíssimo, pois o limite para aprovar um governo são as 23h59 de 31 de Outubro.
Logo a seguir à reunião do PSOE, o Rei convocará os partidos par verificar da viabilidade da investidura. A votação no Congresso deverá ocorrer a 30 e 31.
O PSOE é um partido à deriva. A batalha sobre a sua identidade e o seu programa fica adiada para um congresso ainda sem data.