Cancro do pulmão é o que mais mata, mas novos tratamentos têm bons resultados

"Será possível encarar o cancro do pulmão como uma doença crónica?" é o tema de congresso em Coimbra.

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O cancro do pulmão é a doença que mais mata em Portugal. GONCALO PORTUGUES

O cancro do pulmão continua a ser o tipo de tumor que mais mata, mas nos últimos anos têm surgido novos tratamentos com "resultados extraordinários", segundo peritos que a partir de hoje estão reunidos num congresso em Coimbra.

O presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão, Fernando Barata, admite que as novas terapêuticas têm apresentado resultados extraordinários, nalguns casos permitindo duplicar o tempo de sobrevida dos doentes, com qualidade.

"O que se passou nos últimos dois anos foi muito animador e trouxe grande entusiasmo para a comunidade médica e para os doentes. Houve importantes avanços e inovação nesta área", afirmou o especialista em declarações à agência Lusa.

Estes avanços terapêuticos são um dos temas principais do 7.º Congresso Português do Cancro do Pulmão, que irá discutir por exemplo a resposta à pergunta "Será possível encarar o cancro do pulmão como uma doença crónica?".

"Continua apesar de tudo, mesmo hoje, a ser a doença que mais mata entre as várias doenças oncológicas. O cancro do pulmão continua a ser uma doença grave. Mas, sim, nós estamos a conseguir paulatinamente avanços importantes. Devo deixar uma palavra de esperança para estas novas terapêuticas e em relação ao que elas têm conseguido para os doentes que têm condições clínicas e analíticas para as fazerem", refere Fernando Barata.

Há bons resultados nas novas terapias, quer nas que abordam a doença na fase inicial (cirurgia e radioterapia), quer as que se destinam a fases mais avançadas: as terapêuticas-alvo e a imunoterapia.

Nas terapêuticas-alvo são identificados, na superfície da célula tumoral, receptores que, ao serem bloqueados, levam à morte da célula.

Segundo Fernando Barata, esta terapêutica trouxe "elevada eficácia, mais baixa toxicidade e maior duração da resposta".

Nem todos os tumores podem ser tratados através de terapêuticas-alvo (darão para cerca de 20 a 25% dos casos), mas estes tratamentos conseguiram duplicar o triplicar o tempo de sobrevida dos doentes com qualidade.

Um doente numa fase de cancro do pulmão avançada tinha uma sobrevivência mediana de oito ou dez meses, hoje tem 18 meses, 24 meses ou mais.

A imunoterapia tem tido resultados muito similares no combate ao cancro do pulmão.

"Os resultados têm sido extraordinários em termos de mais vida, baixa toxicidade e enorme qualidade de vida. Há doentes que voltaram a ficar assintomáticos e a fazer a sua vida normal, em termos familiares e sociais", explica o presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão.

Mas também a imunoterapia não é aplicável a todos os doentes com cancro do pulmão, embora o número de potenciais beneficiados possa ser superior ao da terapêutica-alvo.

Fernando Barata alerta para a necessidade de seleccionar bem os doentes que possam clinicamente beneficiar efectivamente da imunoterapia, até porque é uma terapêutica com custos elevados.

O cancro do pulmão representa mais de 20% das mortes causadas por doença oncológica. O tabaco continua a ser o principal responsável, com 85% das mortes por cancro do pulmão a serem atribuídas directa ou indirectamente ao tabaco.

Em 2014, o cancro do pulmão foi responsável por 19.380 anos potenciais de vida perdidos em Portugal.