Esquerda tem três dias para se entender sobre orçamento
PCP dedica jornadas parlamentares à produção nacional, emprego e direitos sociais, no Porto.
Quarta-feira à noite – é com este prazo limite que os partidos à esquerda estão a trabalhar para incluir medidas de peso acertadas entre PS, BE, PCP e PEV na proposta de Orçamento do Estado para 2017 que o Governo irá aprovar na quinta-feira na reunião do Conselho de Ministros. Os pontos em que for preciso limar arestas serão tratados durante as semanas seguintes, até 18 de Novembro, último dia para a apresentação de propostas de alteração.
O líder do PCP vai insistir no aumento extraordinário de dez euros para todas as pensões e no sábado à noite voltou a avisar que “é preciso continuar a repor rendimentos e direitos”. “O pior que poderia acontecer era que este Governo considerasse que era altura de retrocessos, de fazer o mesmo que outros fizeram. Isso seria inaceitável”, pressionou Jerónimo de Sousa durante um comício nos Açores.
No mesmo arquipélago, onde participava na campanha eleitoral, a coordenadora do Bloco deixou também recados a António Costa: “Não nos passa pela cabeça que a sobretaxa do IRS não acabe” para todos, disse Catarina Martins, que reiterou a necessidade de tributar o património imobiliário de luxo para compensar o aumento “prioritário” das pensões – aumentos para todas, mas de 10 euros para as inferiores a 845 euros.
Apesar dos trabalhos em Lisboa a contra-relógio, a bancada do PCP ruma esta segunda e terça-feiras ao Porto para as suas primeiras jornadas parlamentares da nova sessão legislativa, subordinadas aos temas da produção nacional, emprego e direitos sociais. Os comunistas querem mostrar que “temos que produzir mais para devermos menos, ficarmos menos dependentes do exterior, aumentarmos o emprego e distribuirmos a riqueza de forma mais justa”, enumerou ao PÚBLICO o líder da bancada.
Além de visitas e reuniões marcadas nas áreas da saúde, educação, agricultura, transportes públicos – incluindo a Metro do Porto na sequência da resposta ao veto do Presidente – e apoio social (“o distrito tem uma das mais preocupantes situações de desemprego e pobreza do país”), haverá tempo também para passar por fábricas conserveiras, de têxteis e ourivesaria. “São sectores emblemáticos da região e com peso significativo em algumas localidades”, explica João Oliveira.
E acrescenta o sector da cultura: a visita aos criadores culturais da Fábrica da Rua da Alegria e em especial à exposição Joan Miró, em Serralves, pretende mostrar que “a articulação entre a participação cívica e a intervenção institucional e política permitiu evitar que saísse do país um património valioso”. A colecção Miró, nas mãos do Estado na sequência da nacionalização do BPN foi alvo de intervenções sucessivas do PCP no Parlamento durante o processo (adiado) de venda em leilão.