Direita quer fazer da EN2 uma “route 66” para turistas

Deputados do PSD e CDS propõem transformação da via num percurso turístico que atravessa todo o território pelo Interior.

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A Nacional 2 atravessa todo o país ENRIC VIVES-RUBIO

Carlos Silva, 52 anos, anda de bicicleta há mais de 15. Abel Baptista, da mesma idade, é cicloturista há nove. No útlimo Verão, juntaram-se a alguns amigos e percorreram em duas rodas os mais de 700 quilómetros da Estrada Nacional 2. Foram de Chaves a Faro em cinco dias, entre o final de Agosto e o princípio de Setembro. Teria sido apenas um passeio não fossem os dois cicloturistas deputados na Assembleia da República. Semanas depois, convenceram as bancadas do PSD e CDS a apresentar um projecto de resolução conjunto, que recomenda ao Governo a transformação daquela estrada num “produto” de interesse económico e de promoção turística. “Podia ser a nossa route 66”, diz ao PÚBLICO Carlos Silva, numa referência à mítica estrada nos Estados Unidos Unidos que ligava o país costa a costa.

Como a única via que atravessa o país de Norte a Sul, pelo interior, a Nacional 2 passa em 11 distritos e 32 concelhos. É um percurso pelo interior do país que se cruza com serras, rios e barragens. Uma das sugestões que nasceu deste projecto é precisamente fazer o percurso da água, começando em Chaves com as termas de águas quentes e seguindo para Vila Real com as termas do Vidago e Pedras Salgadas. Em Coimbra, a Nacional 2 dá acesso às Caldas de Penacova e à barragem da Aguieira. O traçado permite interligar os maiores rios portugueses e a sul tem o destino de praia.

Carlos Silva salienta ainda que a estrada é um caminho de paisagens (passa por quatro serras) e também uma rota para visitar lugares considerados património mundial (Alto Douro Vinhateiro) e conhecer património imaterial cultural como o cante alentejano. O traçado poderia ainda valorizar o património cultural e a gastronomia, num território que segundo o social-democrata “está muitas vezes esquecido”. Por isso, afirma, a ideia é “transformar a estrada numa via verde nacional para o turismo”.  

Com o tráfego de baixa densidade, a Nacional 2 está bem conservada, segundo o deputado do PSD, embora em algumas partes (no centro do país) o percurso original tenha desaparecido para dar lugar a um Itinerário Principal (IP). Nesse sentido, o projecto de resolução recomenda ao Governo que seja mandatada a Infra-estruturas de Portugal para a realização de uma avaliação das necessidades de intervenção e que proceda à reclassificação de alguns troços.

Os deputados propõem que seja colocada em todo o percurso uma sinalética própria para permitir a identificação de monumentos, praias fluviais e todos locais de interesse turístico, mantendo os marcos com os quilómetros.

O grupo de dez pessoas, que inclui os dois deputados e mais alguns amigos que acompanharam partes do percurso, fez o caminho todo de bicicleta ainda que com o apoio logístico de uma carrinha. Mas o projecto que propõem não se destina apenas a tornar a N2 uma via verde para os cicloturistas, mas sim para todos os que a querem utilizar, independentemente do meio de transporte. Até mesmo um percurso pedonal.

 A viagem não foi política, mas houve encontros com alguns autarcas – Chaves, Faro e Santa Marta de Penaguião – que estão alertados para a importância turística da Nacional 2. “Sentimos uma forte motivação por parte de quem nos recebeu”, diz Abel Baptista, que entretanto renunciou ao mandato de deputado do CDS-PP.

O projecto de resolução – que vai ser discutido em plenário nesta quarta-feira, dia 13 – propõe ainda que a estrada seja promovida na Internet através de um site. Ao Governo é também recomendado que o projecto turístico seja incluído no futuro Plano Estratégico de Turismo Nacional, que irá vigorar até 2025 e que poderá aproveitar o quadro de apoios comunitários 2020.

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