Idosos em lares: 7% estão desnutridos, 39% estão em risco de ficar
Investigação envolveu 1187 idosos que residem em lares.
Cerca de 7% dos idosos que residem em lares apresentam um estado de malnutrição e 39% estão sob risco de desnutrição, revela um estudo apresentado nesta quinta-feira que avaliou o estado nutricional dos portugueses com 65 ou mais anos.
O estudo PEN-3S: Estado nutricional dos idosos portugueses, cujos resultados preliminares foram apresentados no 12º Congresso Internacional da Sociedade de Medicina Geriátrica da União Europeia, que decorre até esta sexta-feira em Lisboa, visou caracterizar os hábitos alimentares e estado nutricional dos seniores a viver em comunidade e em lares de todo país.
O estudo, coordenado pelo geriatra Gorjão Clara, do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, permitirá “conhecer melhor a dimensão” do problema” nos idosos, “identificar factores determinantes de malnutrição” e criar “um sistema de rastreio de pessoas em risco nutricional” a nível dos cuidados de saúde primários e nos lares.
A recolha de dados teve início em Outubro de 2015 e terminou em Agosto, tendo sido já apurados os dados preliminares relativos aos idosos que residem em lares, disse à agência Lusa a nutricionista e investigadora Catarina Peixoto Plácido.
Financiado por fundos EEA Grants, da Noruega, Islândia e Lichtenstein, envolveu 1187 idosos a residir em lares e cerca de mil de unidades de saúde de todo o país, numa amostra aleatória.
“Da amostra de lares, verificámos que cerca de 7% dos idosos se encontravam desnutridos e 39% sob risco de desnutrição”, disse Catarina Peixoto Plácido. Estados de risco nutricional estão associados a humor depressivo, percepção de solidão, comprometimento cognitivo, acrescentou.
Obesidade também preocupa
“Através da avaliação do Índice de Massa Corporal, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde para a população adulta, encontramos cerca de 30% de obesidade”, refere o estudo. Apesar de serem “ligeiramente inferiores” aos resultados encontrados noutros estudos europeus, “já são números que requerem um olhar mais aprofundado”.
“Vamos tentar perceber quais são os determinantes e quais são os factores que se associam a este risco nutricional para podermos também intervir e estar alerta assim que surjam esses primeiros sinais”, explicou Catarina Peixoto Plácido que fez questão de sublinhar a forma positiva como as instituições colaboraram para a realização do estudo, deixando visitar o lar e avaliar os idosos.
“Verificámos que a maior parte das instituições quer melhorar e aproveitar estas oportunidades para terem mais informação sobre como podem actuar neste tipo de situações”, sublinhou.
O número de entrevistas foi determinado de forma a garantir um intervalo de confiança a 95% com um erro máximo de 3%.
Um outro estudo recentemente noticiado, desenvolvido pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, feito junto de 1500 idoso mostrava que um em cada três estava desidratado e 15% estavam em risco de desnutrição.