Susana Díaz, a baronesa à espera de ser líder
Líder dos socialistas andaluzes catapultou Sánchez para secretário-geral do PSOE, nas foi também ela que precipitou a sua queda
São muitas – e, sem surpresa, contraditórias – as descrições de Susana Díaz, a líder socialista andaluza vista como provável sucessora de Pedro Sánchez à frente do PSOE. Os rivais falam numa carreirista, sem experiência governativa, hábil apenas em golpes de bastidores. Para os que a apoiam (e entre eles estão os principais barões regionais do partido) é a única capaz de remendar os farrapos em que a sucessão de derrotas e nove meses de impasse político deixaram o histórico partido espanhol.
Filha de um canalizador, hoje com 41 anos, Díaz conhece bem as entranhas do PSOE, primeiro como militante da juventude socialista andaluza, de que foi dirigente, logo a seguir como vereadora no município de Sevilha, depois como deputada em Madrid e, desde 2012, no governo autónomo andaluz, que passou a chefiar um ano depois.
Dizem que gere com mão de ferro a mais poderosa federação socialista e que coleccionou tantos inimigos como cargos. Mas em 2014, quando Alfredo Pérez Rubalcaba se demitiu após a estrondosa derrota nas eleições europeias, foi apontada por vários barões como a sua sucessora natural – alguns descrevem-na mesmo como a versão feminina de Felipe González.
Mas o partido entregou a decisão aos militantes e Díaz optou por ficar na rectaguarda, usando a máquina política andaluza para apoiar Sanchéz. Crítica irredutível das negociações com o Podemos, acabou por ser ela também a espetar a adaga no secretário-geral socialista, liderando as demissões que quarta-feira paralisaram a direcção nacional. No dia seguinte e ainda antes de Sánchez reconhecer a derrota, atirou em definitivo a toalha para dentro do ringue, dizendo que era tempo de o PSOE sarar as feridas e oferecendo-se para o “remendar”.