Moscovo acusa EUA de “fomentar” terrorismo contra a Rússia na Síria
Na última semana, morreram cerca de 100 crianças em Alepo, diz a UNICEF.
Moscovo e Estados Unidos parecem cada vez mais longe de conseguir acordar nem que seja uma pequena trégua na Síria ou na parte Leste de Alepo, controlada pelos rebeldes e cercada pelas tropas leais a Bashar al-Assad.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Riabkov, acusou Washington de fazer um “convite velado ao uso de terrorismo contra a Rússia”.
O porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, declarou que também era no interesse da Rússia que a violência na Síria parasse, porque os extremistas poderiam aproveitar o vácuo de poder e lançar ataques “contra alvos russos, até talvez contra cidades russas”. “Não sei como interpretar esta declaração se não como o apoio de facto desta Administração ao terrorismo”, disse Ribakov, acrescentando que a Rússia vai continuar a apoiar, com meios aéreos, as forças de Assad.
Estas têm sido acusadas de atacar intencionalmente trabalhadores humanitários, hospitais e até padarias. Em Alepo, há pouco mais para comer além de pão.
Os ataques a hospitais, lembrou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, são crimes de guerra. Questionado por jornalistas sobre se foi o regime a levar a cabo este bombardeamento, Bashar al Jaafari, embaixador sírio nas Nações Unidas, riu-se, mostram imagens da estação de televisão Al-Jazira.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, repetiu que os Estados Unidos estão prestes a suspender as discussões com a Rússia, porque “é irracional no contexto deste tipo de bombardeamentos que têm tido lugar”. “Não há noção ou sinal de um objectivo sério com o que se passa actualmente”, continuou, sem se referir explicitamente a Moscovo.
Os ataques vitimaram centenas de pessoas. Segundo a UNICEF, morreram já cerca de 100 crianças e 223 ficaram feridas na última semana em Alepo.
A Rússia recusa uma trégua e atira a culpa para Washington: “Temos mais de uma vez sugerido pausas de 48 horas para assegurar acesso humanitário”, disse Ribakov, citado pelo diário norte-americano New York Times. “Mas os nossos colegas americanos estão totalmente fixados em exigências de uma pausa de sete dias por razões que só eles sabem”.
A Administração Obama foi acusada de ceder demasiado à Rússia para uma trégua acordada a 9 de Setembro que cedo terminou.
Segundo o site Daily Beast, terá mesmo ignorado informações concretas sobre um plano de Assad atacar centros do grupo de Defesa Civil da Síria, também conhecido como Capacetes Brancos.
Mas, segundo o Daily Beast, os Estados Unidos estavam tão desesperados por manter a trégua prevista no acordo com a Rússia que ignoraram a informação. Dois dias mais tarde, um ataque atingiu uma coluna humanitária do ACNUR e um centro de distribuição de ajuda.