Loures rejeita entrega da Carris e do Metro à Câmara de Lisboa
Bernardino Soares defende que seja "uma entidade supramunicipal" a assumir a gestão das empresas. A expansão do metro ao concelho é outra das suas reivindicações.
O presidente da Câmara de Loures rejeita a entrega da Carris e do Metropolitano de Lisboa à câmara presidida por Fernando Medina. Bernardino Soares tem “receio” de que tal se traduza num “acentuar da tendência para essas empresas não darem resposta fora de Lisboa”. Para o autarca, “a decisão acertada” é confiar a sua gestão a “uma entidade supramunicipal em que os municípios participem”.
Esta posição foi transmitida esta quarta-feira, numa conferência de imprensa na qual o autarca sublinhou que “as questões dos transportes públicos continuam a ser um problema fundamental para a vida das populações do concelho” de Loures. Face a isso, Bernardino Soares prometeu fazer “uma elevada pressão sobre o Governo, para que se tomem decisões”.
Para já, o eleito comunista vai enviar ao ministro do Ambiente uma carta com um conjunto de propostas que, em seu entender, permitiriam melhorar “substancialmente” a mobilidade no concelho. Essa missiva, notou, vai também ser enviada ao primeiro-ministro. Recordando que António Costa foi vereador da Câmara de Loures, presidente da Câmara de Lisboa e presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Bernardino Soares disse esperar dele “uma resposta positiva”.
No topo dessa carta surgirá a rejeição da possibilidade de a Carris e o Metropolitano de Lisboa passarem a ser “responsabilidade exclusiva do Município de Lisboa”. Numa informação distribuída aos jornalistas diz-se que essa solução “põe em causa uma gestão que tem de ser metropolitana e não assegura a manutenção do serviço público de qualidade ao universo dos utentes que deve servir”, sublinhando-se que esses utentes “ultrapassam largamente a população do concelho de Lisboa”.
Por isso, Bernardino Soares defende que a Carris e o Metropolitanos sejam geridos por “uma entidade supramunicipal pública”, “em que se equilibrem os diversos interesses”. Que entidade? “Não temos nenhuma solução fechada”, afirmou, manifestando apenas uma certeza: a de que “a solução não pode ser entregar a apenas uma câmara”.
O autarca não rejeita à partida a manutenção do modelo actual, em que as empresas estão nas mãos do Estado, “desde que haja espaço a que as opções estratégicas e de desenvolvimento das redes sejam participadas pelos municípios”.
Entre as reivindicações da Câmara de Loures está também a extensão do Metropolitano de Lisboa a Santo António dos Cavaleiros/Loures e a Portela/Sacavém. Lembrando que esse investimento chegou a ser anunciado “há alguns anos” pelo Governo, Bernardino Soares frisou que “o problema que o anúncio visava resolver continua a existir”.
“As extensões do metro são necessárias e úteis para as populações”, sustentou. Quanto ao facto de o actual Governo ter já anunciado que a ligação entre as linhas Verde e Amarela (do Cais do Sodré ao Rato) é a obra que se segue, o autarca diz nada ter contra esse investimento, desde que ele não seja “contraditório” com o de “trazer o metropolitano para zonas não servidas por ele”.
Numa altura em que poderá estar para breve a divulgação das conclusões das negociações entre o Governo e a Câmara de Lisboa, bem como o anúncio do plano de expansão do metro, Bernardino Soares deixou um recado ao Executivo liderado por António Costa: “Esperamos que não sejam tomadas decisões sobre qualquer um destes temas sem que sejamos auscultados”.
“O Governo deve rapidamente ouvir o município de Loures e outros municípios, que terão coisas a dizer e expectativas para pôr em cima da mesa”, disse o autarca eleito pelo PCP. A apresentação pública de qualquer solução sem esse passo prévio, avisou, “mereceria o profundo repúdio” do município.