É na cidade colonial de Cartagena, principal ponto turístico da Colômbia, que vai ser assinado o acordo definitivo de paz entre o Governo e as FARC, que põe fim a mais de 50 anos de guerra civil. A cerimónia histórica chegou a estar pensada para a sede das Nações Unidas, e depois para a capital, Bogotá: a primeira hipótese teve de ser abandonada pois vários guerrilheiros têm ordem de captura nos Estados Unidos, e a segunda foi descartada por preocupações com os efeitos da altitude na saúde de Raúl Castro, o presidente de Cuba e mediador das negociações de paz, que será um dos muitos dignitários a assistir ao evento.
A assinatura formal do documento não põe termo ao processo nem coloca em vigor ao acordo de paz, que ainda tem de ser ratificado pela população colombiana num plesbicito popular marcado para 2 de Outubro, cuja validade exige a participação de mais de 13% dos eleitores, ou 4,5 milhões de pessoas.
O desfecho está tudo menos garantido, com as forças conservadoras, lideradas pelo antigo Presidente Álvaro Uribe, empenhadas numa forte campanha pelo “não”. Sem uma votação maioritária no referendo, a paz fica sem efeito – e a perspectiva do regresso do conflito torna-se real. Uma vitória tangencial também não oferece garantias: com a sociedade fortemente polarizada, o cumprimento dos termos do acordo fica muito dificultado.
Se os colombianos aceitarem a paz com as FARC, o Governo poderá tentar repetir o processo com a outra guerrilha do país, o Exército de Libertação Nacional. E concentrar os esforços das suas forças armadas e de segurança no combate ao crime organizado no país, envolvido no narcotráfico, mineração ilegal e tráfico de seres humanos.