Quarenta e três mortos em naufrágio de barco de refugiados ao largo do Egipto

Perto de 150 pessoas foram resgatadas com vida do Mediterrâneo, mas a embarcação levava 600 a bordo.

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Refugiados na Grécia — 2016 o ano com maior número de mortes em naufrágios no Mediterrâneo LOUISA GOULIAMAKI/AFP

 

Pelo menos 43 pessoas morreram ontem no naufrágio de uma embarcação com 600 refugiados e imigrantes no Mediterrâneo, ao largo do Egipto. Outras 155 pessoas foram salvas pelas equipas de socorro, disseram fontes oficiais egípcias às agência noticiosas — não foram dadas informações sobre as restantes pessoas.

Segundo as fontes policiais ouvidas pela AFP, o naufrágio teve lugar ao largo de Roseta (Norte do Egipto) e a bordo seguiam egípcios, sírios e pessoas oriundas de outros países do continente africano.

O Egipto, a par da Líbia, é cada vez mais usado pelos traficantes de seres humanos para fazer embarcar pessoas que fogem de conflitos e da pobreza na Síria, Iraque, Somália ou Eritreia, avisou recentemente a agência europeia de fronteiras Frontex. A tendência coincidiu com a entrada em vigor do polémico acordo entre a União Europeia e a Turquia, no qual este país se comprometeu a impedir as saídas de migrantes e refugiados que têm como destino a Europa.

A Frontex calcula que entre Janeiro e Setembro chegaram à Itália a partir do Egipto cerca de 12 mil pessoas, enquanto foram apenas sete mil no mesmo período do ano passado.

Desconhece-se o destino final da embarcação, embora os responsáveis das agências de socorro apontem a Itália. Na noite de segunda-feira, um incêndio destruiu quase na sua totalidade um campo de refugiados na ilha grega de Lesbos, obrigando entre três e quatro mil pessoas a abandonar o local. O Governo grego alertou para a sobrelotação dos centros para refugiados do país e intensificou os pedidos de auxílio por parte dos outros países europeus.

A crise global de refugiados é o tema que dominou a Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada esta semana em Nova Iorque. A ocasião foi aproveitada por várias organizações humanitárias para criticarem a passividade com que a maior parte dos governos dos países mais ricos tem encarado o problema. Na Europa, por exemplo, são vários os casos de países que adoptaram medidas drásticas para impedir a passagem de migrantes e requerentes de asilo, como a construção de barreiras físicas.

Desde o início de 2016, mais de 300 mil migrantes e refugiados atravessaram o Mediterrâneo para chegar à Europa – e este pode vir a ser o ano com maior número de mortes em naufrágios se o ritmo actual se mantiver, indicou na terça-feira o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

O número de travessias é inferior ao do mesmo período em 2015 (520 mil), mas o balanço de mortes está já nos 3211, já muito próximo do número total do ano passado (3771). “Com esta taxa, 2016 será o ano mais mortal no Mediterrâneo”, afirmou o porta-voz do ACNUR, William Spindler.

A maioria atravessou o mar na tentativa de chegar à Grécia ou a Itália. Cerca de 48% dos que chegaram ao território grego são sírios, 25% vêm do Afeganistão, 15% do Iraque, 4% do Paquistão e 3% do Irão. Os que chegam a Itália vêm sobretudo da Nigéria (20%) e da Eritreia (12%).

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