PS de Matosinhos acusa Pizarro de ser "marxista leninista"
Vereador e dirigente concelhio do partido diz que líder da distrital “tem telhados de vidro” e lembra a “derrota humilhante” que teve em 2013 no Porto.
A “forma cobarde” como a distrital do PS-Porto tirou Ernesto Páscoa da corrida à Câmara de Matosinhos “vai sair cara” ao presidente da maior federação do partido, que é acusado de “tomar decisões nas costas dos militantes” do concelho. Este é o vaticínio dos militantes de Matosinhos que se sentem “excluídos, marginalizados e desrespeitados” e que exigem que Manuel Pizarro se retracte e lhes explique as “razões e os interesses” que estão por detrás da avocação do processo autárquico no concelho.
“Não concordo com o processo e há uma certa frustração, um certo desconforto, e o que nós perguntamos é: o que é que nós, militantes, somos em Matosinhos?” afirma Alfredo Barros, dirigente da comissão política concelhia. Acusando Pizarro de ser “muito rápido e pródigo a fazer declarações em tom depreciativo relativamente aos membros da comissão política concelhia de Matosinhos”, o ex-professor universitário e actual vereador na câmara fala dos “telhados de vidro” que o líder distrital tem e da “falta de legitimidade” para vaticinar uma “derrota humilhante em Matosinhos em 2017, com Ernesto Páscoa”. “Manuel Pizarro já se esqueceu do resultado que teve no Porto em 2013? E esse resultado - o pior que o partido teve no Porto - não foi humilhante?”
Derrotas eleitorais à parte, o dirigente desafia Pizarro a “não fugir ao confronto e ir a Matosinhos prestar contas aos militantes por ter tomado uma decisão unilateral sem comunicar nada”. “Era de elementar educação e princípio ético que nos dissesse que esta pessoa [Ernesto Páscoa] pode não ter condições para ganhar a câmara e nós cá estávamos para avaliar, mas Manuel Pizarro não teve a hombridade de nos dizer isso, optando por nos impor um candidato pelas costas”, declara o socialista.
Desolado com a forma como o processo foi conduzido, o ex-professor insiste no desafio a Pizarro para ir a Matosinhos explicar-nos por que é que o processo foi avocado de forma cobarde”. “Nós, em Matosinhos, não comemos ninguém”, atira, acrescentando, no entanto, que para dar esse passo “Manuel Pizarro precisa de ser um homem com H grande, ter carácter e estatura”, enfatiza Alfredo Barros.
Com mais de 40 anos de militância e muitas batalhas e combates travados em nome do PS, o socialista confessa que “nunca” se sentiu “tão humilhado” como desta vez. Ao PÚBLICO, Alfredo Barros crítica em tom duro o perfil "marxista leninista" do líder distrital e diz que as "decisões que tem tomado são próprias de quem regressou às origens políticas, infiltrando-se no PS".
Já Manuel Pizarro promete um “diálogo profundo com os militantes” e, ao PÚBLICO, garante que “já foram estabelecidos contactos informais” com o independente Guilherme Pinto] que preside à Câmara de Matosinhos] e que será agendada para os próximos dias uma reunião para discutir o processo autárquico de Matosinhos.
Afirmando que o “PS não está pressionado por nenhum calendário”, o líder da distrital do PS-Porto refere que a “decisão que a federação tomou não encerrou o processo, a decisão da federação abriu o processo que uma parte da concelhia queria encerrar de forma incorrecta”.
Pizarro promete ganhar a câmara, “honrando a tradição da governação autárquica de Matosinhos”.