Galamba compara governo de Passos a "guerra civil"

Bloquista fez intervenção na rentrée socialista. Para Galamba, as desigualdades alimentaram a “guerra civil” criada por Passos.

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Na rentrée do PS, João Galamba partilhou o palco com Mariana Mortágua e Eugénio Rosa Daniel Rocha

O deputado socialista João Galamba defendeu hoje, em Coimbra, que o governo de coligação PSD/CDS pegou nas desigualdades sociais em Portugal para abrir uma “guerra civil” entre várias camadas da população que não seria possível noutros países. 

“A guerra civil instalada nos últimos quatro anos não seria possível num país mais igualitário como a Noruega ou a Suécia ou a Finlândia. Simplesmente não teria matéria-prima para pegar nos pequenos ressentimentos, nos pequenos ódios e nas pequenas invejas e transformar isso numa poderosíssima arma política” desenvolveu João Galamba.

Mariana Mortágua, outra das intervenientes, defendeu que as desigualdades são um produto do “sistema capitalista tal como ele está desenhado hoje” e avisou o PS de que, se as quiser debater, tem de “dizer o que pensa do sistema económico, do capitalismo financeirizado”.

A deputada do Bloco de Esquerda falava no painel com o mote “As Esquerdas e a Desigualdade” na conferência que marca a rentrée socialista, que contou com as intervenções do deputado socialista João Galamba e também do economista da CGTP Eugénio Rosa.

No Convento de S. Francisco, em Coimbra, a deputada considerou que, por toda a Europa, a social-democracia deixou de “discutir o modelo económico” e assinou “por baixo a concepção da liberalização dos mercados financeiros e da flexibilização do mercado de trabalho”.

Mais do que uma arma da direita, a deputada bloquista identificou a causa para o “problema” das desigualdades não ter estado no centro da política ultimamente: “também tem estado afastado da teoria económica”.

A falar para uma sala repleta de militantes socialistas, Mariana Mortágua vai até ao início da década de 80, com Tatcher no Reino Unido e Reagan no Estados Unidos, para identificar o início de uma trajectória de aumento das desigualdades.

Esta situação, afirma Mariana Mortágua, é acompanhada por um “enviesamento fiscal que taxa muito mais o trabalho do que o capital”. No entanto, as consequências desta situação têm vindo a ser amparadas por questões como os mercados financeiros e a compensação de perda de rendimentos pelas famílias com recurso ao endividamento, explica.

Desde o início da crise financeira e como sua consequência, Portugal perdeu 563 mil postos de trabalhos directos estimou Eugénio Rosa.

Se mais cedo Carlos César e Maria João Rodrigues tinham apontado o problema do desemprego jovem como um risco o futuro da União Europeia, o ex-deputado do PCP entende que “o mais grave pode estar na faixa dos seniores sem qualquer hipótese de acesso ao trabalho”, um indicador que “não aparece nas estatísticas". 

 

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