O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) mostrou-se neste sábado convencido de que há matéria suficiente nas declarações do juiz Carlos Alexandre para que a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) abra um inquérito já na segunda-feira.

"Há ali uma série de insinuações que me parecem graves, sobretudo vindas de um juiz", disse Paulo Ralha, em declarações à RTP1, acrescentando julgar que a AT, "por si só, com base nesta entrevista, segunda-feira vá iniciar um processo de inquérito".

Em causa estão declarações do juiz do Tribunal Central de Instrução Carlos Alexandre que, numa entrevista publicada no jornal Expresso, refere que a AT "em virtude de a certa altura ter chegado à conclusão" que a sua declaração de impostos era declarada tardiamente - em Agosto em vez de Julho -, fez comparecer perante a sua mulher uma equipa de inspectores.

“Talvez um dia tenha de explicar esta história da Autoridade Tributária. Se agora o presidente da Relação ou do Supremo ou do Conselho disserem: ‘Fez umas afirmações gratuitas, quer densificar?’ Nada melhor do que prova documental”, referiu na entrevista.

"Um juiz tem todo o poder para mandar ver o que se passa relativamente a essa situação e se julga que foi escrutinado de forma errada deve denunciar essa situação", sustentou Paulo Ralha em reacção às declarações do juiz que está à frente do processo Operação Marquês.

Por isso, o presidente do STI está convencido de que, com base nesta entrevista, a AT vá iniciar, na segunda-feira, um processo de inquérito.

"O que nós apelávamos é que o processo de inquérito fosse rápido e as conclusões fossem tornadas públicas", concluiu o sindicalista.