Portugal coloca 750 milhões em dívida com taxas mais elevadas
Tesouro colocou o montante mínimo previsto em duas emissões a sete e a 21 anos.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou esta quarta-feira 750 milhões de euros de Obrigações do Tesouro (OT) em duas linhas de financiamento, que tinham um montante indicativo global entre 750 e 1000 milhões de euros. As taxas de juro (ou seja, os custos de financiamento) foram superiores aos de operações anteriores.
A agência que gere a dívida pública colocou 500 milhões de euros em OT numa emissão a sete anos (Outubro de 2023) com uma taxa de juro de 2,817%, tendo a procura superado em 1,86 vezes a oferta.
Numa outra emissão, com maturidade de 21 anos (Abril de 2037), o IGCP colocou 25 milhões de euros com uma taxa de 4,04%. Nesta linha, a procura foi de 2,63 vezes a oferta.
Na dívida a sete anos “a taxa saiu em linha com o que estava a ser feito com o mercado”, mas não há uma emissão recente que possa servir de comparação; já no caso das obrigações com maturidade em 2037 “a taxa subiu face aos 3,77% conseguidos em Junho”, numa operação com dívida do mesmo prazo, comentou o director de gestão de Activos do Banco Carregosa, Filipe Silva.
“Apesar da subida da taxa, são níveis baixos face ao histórico da dívida portuguesa”, considerou Filipe Silva, recordando que nos últimos dias houve uma subida generalizada dos prémios de risco da dívida europeia e que a dívida portuguesa seguiu a tendência.
“A procura foi boa e o facto de termos emitido um montante no limite mínimo desejado, quando costuma ser junto ao máximo pode dizer apenas que o IGCP não quis colocar mais dívida”, acrescentou o director do Banco Carregosa.
O gestor da XTB Portugal Pedro Ricardo Santos destacou também o “apetite [dos investidores] pelas obrigações soberanas da República Portuguesa”, depois do Banco Central Europeu (BCE) ter mantido inalterado o seu plano de estímulos, ainda que “seja evidente uma subida das yields a 10 anos no mercado secundário de dívida, com alargamento do spread face às obrigações alemãs”.
Assim, “se é verdade que existe uma clara deterioração das condições de financiamento por comparação a 2015”, as taxas verificadas são “bastante inferiores àquelas que seriam observadas caso o programa do BCE já tivesse sido extinto”, afirmou o gestor da XTB.
Pedro Ricardo Santos acredita que “o mercado continua a considerar interessante este tipo de investimento, tendo em conta as reduzidas rentabilidades de investimentos com risco semelhante” e mostra “alguma convicção” quanto à alteração futura das características do programa de compra de dívida soberana do BCE.