Jornalistas americanos no G20 protestam por falta de tapete vermelho para Obama
Fonte da segurança chinesa explicou que a escada adequada foi posta à disposição da delegação, que a recusou.
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu aos jornalistas americanos que o acompanharam à cimeira do G20 em Hangzhou, na China, para não "exagerarem no significado" das falhas de protocolo que a imprensa identificou. Os casos aconteceram no sábado, quando a segurança chinesa não deixou os jornalistas assistirem ao momento em que Obama saiu do Air Force One.
O Presidente saiu do avião presidencial não pela habitual porta, mas por outra, que fica na barriga do avião, em frente da asa, e usando as escadas que pertencem à própria porta. A imprensa americana notou que não havia uma escada alta, que permitisse a Obama sair pela porta de cima.
A falta de passadeira vermelha foi outra das queixas apontadas pelos jornalistas americanos. Mas não só. Segundo a BBC, um elemento da comitiva de Obama, funcionário da Casa Branca, queixou-se à segurança chinesa por esta quebra no protocolo, tendo-lhe sido respondido "Este é o nosso país". A conselheira de Segurança Nacional Susan Rice também se juntou ao protesto, segundo o New York Times.
Mas o jornal de Hong Kong China Morning Post — considerado um órgão de comunicação independente — cita uma fonte oficial chinesa que diz que a China disponibilizou escadas com passadeira vermelha para a chegada de todos os líderes, "mas o lado dos EUA... recusou e insistiu que não precisava da escada de aeroporto".
Nas fotografias que a agência Reuters pôs em linha, há uma imagem com a seguinte legenda: "Pessoal da segurança a inspeccionar uma escada de avião antes da chegada do Presidente dos EUA". Sobre a escada está um homem, que não é chinês, a fazer uma inspecção, e esta está coberta por uma passadeira vermelha.
As fotografias das agências noticiosas também mostram que havia uma guarda de honra à espera de Obama.
Obama desvalorizou os episódios, considerando que não se destinaram a diminuir a delegação americana. E explicou aos jornalistas que os chineses têm uma cultura diferente em relação aos media.
"Nós pensamos que é importante que a imprensa tenha acesso ao trabalho que fazemos, que tenha a oportunidade de fazer perguntas", disse Obama. "Não temos que abandonar os nossos valores quando fazemos estas viagens, mas é possível que haja algumas fricções".
Os jornalistas acusaram a segurança chinesa de os ter impedido de assistir ao desembarque de Obama por não ter havido passadeira vermelha, o que levou o Presidente a sair pela barriga do avião — uma situação só habitual em viagens de alto risco, por exemplo ao Afeganistão.
"Fomos abruptamente travados por uma fita azul, que guardas seguravam. Nos seis anos que levo a cobrir a Casa Branca, nunca vi um anfitrião impedir os media de assistir ao desembarque de Obama", disse à BBC Mark Land, do New York Times.
Obama também sublinhou que esta não foi a primeira vez que os jornalistas que viajam com ele não se entendem com a segurança chinesa. "Desta vez o tom dos protestos subiu mais do que é costume", concluiu o Presidente americano que, na China, viveu momentos de um raro bom clima político com Xi Jinping.