Eleitores de Merkel preparam-se para a castigar nas urnas

Partido da chanceler alemã deve ficar em terceiro no estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, atrás da extrema-direita do AfD.

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Angela Merkel em campanha no estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental Adam BERRY/AFP

Angela Merkel arrisca-se a sofrer uma humilhação nas eleições regionais do estado-federado pelo qual sempre foi eleita, um ano depois de ter aberto as portas da Alemanha aos refugiados do Médio Oriente que se acumulavam às portas da Europa. A sua CDU deve ficar em terceiro lugar no Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, suplantado pelo crescimento do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Uma sondagem do instituto Insa para o semanário Cicero projectou 23% dos votos para o AfD e apenas 20% para a CDU, com a vitória a ir para os sociais-democratas do SPD, com 28%. Isto permitiria ao SPD continuar a governar o estado com a CDU, como até agora, mas seria um rude golpe para Merkel e para os seus democratas-cristãos, que têm vindo a descer nas sondagens a nível nacional: a mais recente sondagem Forsa mostra que o apoio à CDU desceu para 33%, menos oito pontos do que há um ano.

Este ano, a Alemanha recebeu 300 mil refugiados, e a Alemanha vive na ressaca do grande movimento de solidariedade de 2015, quando permitiu a entrada de mais de um milhão de refugiados. O consenso, passado um ano, é que ela teve razão em abrir as portas, para evitar uma crise humanitária, mas demorou em reconhecer as consequências do seu gesto, e estava completamente enganada ao pensar que os outros países europeus iriam partilhar o fardo, diz a Reuters.

Entretanto, a Alemanha conduziu a União Europeia a um pacto com a autoritária Turquia, criticado por todas as organizações humanitárias e pela ONU, para pôr trancas na rota dos Balcãs por onde vinham estes refugiados.

Após um Verão agitado, em que houve vários atentados cometidos por pessoas com ligações ao Médio Oriente – alguns que entraram no país como refugiados – os alemães duvidam de que seja uma boa ideia que ela se candidate a um quarto mandato no ano que vem.

Merkel deixou de ser uma personalidade unificadora – Mutti, ou Mamã – e tornou-se numa figura polarizadora. Outra sondagem, publicada esta semana, revela que 50% dos alemães não quer que ela se recandidate, diz a Reuters.

“Há uma lei universal na política que diz que dez anos basta. Quando os líderes permanecem no poder mais do que isso começam a fazer erros. Aconteceu ao De Gaulle, ao Kohl, à Thatcher, ao Erdogan e a Putin. Agora parece estar a acontecer a Merkel”, comentou à Reuters o historiador Timothy Garton Ash, da Universidade de Oxford (Reino Unido).

 

 

 

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