Mais de seis mil pessoas salvas no Mediterrâneo num só dia

Foram realizadas mais de 40 operações de resgate ao largo da costa líbia.

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Imagens captadas pela guarda costeira italiana nuam das embarcações socorridas AFP

Cerca de 6500 imigrantes foram resgatados no Mediterrâneo em várias operações na segunda-feira. Trata-se de um dos maiores números de pessoas que tentam chegar à Europa salvas em apenas um dia.

De acordo com a guarda costeira italiana, foram realizadas mais de 40 operações ao largo da costa da Líbia para resgatar milhares de pessoas, na sua maioria de origem africana. No domingo, mais de 1100 imigrantes e requerentes de asilo foram salvos no estreito da Sicília, diz a AFP.

A Líbia tornou-se num dos pontos de saída de embarcações de refugiados com destino à Europa mais privilegiados pelos traficantes que organizam as travessias. O país continua mergulhado no caos, com um novo governo de unidade nacional a lutar para impor a sua soberania — disputada por poderes rivais — ao mesmo tempo que o autoproclamado Estado Islâmico tenta consolidar uma base de operações que lhe permita recrutar novos militantes e lançar ataques em solo europeu.

As missões de salvamento ocorreram a cerca de 20 quilómetros da cidade líbia de Sabratha e, para além de envolveram embarcações italianas, foram realizadas pela agência europeia de controlo de fronteiras (Frontex) e pelas organizações Proactiva Open Arms e Médicos Sem Fronteiras, segundo a BBC.

A guarda costeira italiana diz estarem reunidas as condições meteorológicas para que estes números se repitam esta terça-feira. A combinação entre um mar calmo e um vento que direccione as embarcações para norte pode aumentar o tráfego da rota do Mediterrâneo central, explica a AFP.

Os imigrantes, cuja maioria será proveniente da Eritreia e Somália, acotovelavam-se em pequenas embarcações de borracha, com combustível suficiente apenas para aguardar pela chegada de equipas de salvamento, totalmente lotadas e algumas das pessoas levavam crianças nos braços.

Na Eritreia, milhares tentam fugir ao regime do ditador Issayas Aferworki, que domina o país com mão de ferro há já 22 anos. O serviço militar obrigatório é uma das modalidades de repressão mais utilizadas por Aferworki, que pode obrigar homens e mulheres a anos, ou décadas, de trabalhos forçados.

Por seu turno, a Somália tem sido ao longo dos anos um dos países de onde mais pessoas têm fugido. Segundo a ONU, os somalis são a terceira nacionalidade mais representada na população de refugiados em todo o mundo. Quando a expressão Estado falhado é utilizada, a Somália é a concretização mais evidente. As autoridades não têm controlo sob uma parte considerável do território e a anarquia reinante permitiu o reforço do grupo jihadista Al-Shabab, próximo da Al-Qaeda.

Desde o início do ano que mais de 283 mil pessoas chegaram à Europa por terra e mar, enquanto 2901 morreram no Mediterrâneo, de acordo com os dados da Organização Internacional das Migrações (OIM).

No ano passado registaram-se mais de um milhão de chegadas à Europa, pondo a nu a incapacidade de vários países, especialmente do Sul e do Leste em acolher o fluxo de imigrantes, cujo símbolo maior é o muro construído pelo Governo húngaro ao longo de 175 quilómetros na fronteira com a Sérvia. A União Europeia tentou responder à situação impondo um sistema de quotas atribuídas a cada Estado-membro para distribuir 160 mil requerentes de asilo. Porém, até agora, os progressos foram muito limitados apenas 12 mil foram relocalizados.

Sob forte pressão de alguns dos governos na linha da frente das fronteiras externas da Europa, Bruxelas assinou em Março um acordo com a Turquia. Em troca da abolição do sistema de vistos para cidadãos turcos e de um financiamento de seis mil milhões de euros destinado a melhorar as condições de acolhimento, Ancara comprometeu-se a limitar as saídas de refugiados.

As chegadas a partir da rota leste do Mediterrâneo caíram desde a entrada em vigor do acordo — muito criticado por organizações de defesa dos direitos humanos, que acusam o Governo turco de caminhar cada vez mais rumo ao autoritarismo. Entre Janeiro e Julho de 2015, chegaram à costa grega 885 mil imigrantes; este ano foram 154 mil, quase todos entre Janeiro e Março — uma quebra de 98% em um ano, segundo a OIM.

 

 

 

 

 

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