Assad e Estado Islâmico usaram armas químicas na Síria, conclui ONU

Moscovo diz estar interessada em discutir com Washington os resultados da investigação conjunta da ONU e da Organização para a Proibição das Armas Químicas.

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Especialistas em armas químicas das Nações Unidas examinam local em Damasco, em 2013 Mohamed Abdullah/Reuters

As tropas governamentais sírias foram responsáveis por dois ataques com gases tóxicos e os militantes do Estado Islâmico usaram gás mostarda numa das suas ofensivas, em 2014 e 2015, concluiu uma investigação conjunta das Nações Unidas e da Organização para a Proibição das Armas Químicas.

O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitali Tchurkin, disse que o seu país, que apoia o Presidente Bashar al-Assad no conflito sírio, está disposto a discutir este assunto com os Estados Unidos. "Temos um interesse comum em desencorajar este tipo de coisas, em impedi-las, mesmo em plena guerra", afirmou, citado pela AFP.

A Reuters teve acesso ao relatório confidencial com as conclusões do inquérito, que foi encomendado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, a nove incidentes que ocorreram em sete áreas diferentes da Síria, que já tinham sido atingidas com armas químicas no passado. Só em três casos os investigadores foram capazes de apurar responsabilidades.

Oito dos casos investigados envolveram o uso de cloro, que afecta o sistema respiratório. Se usado no estado líquido, pode queimar a pele; quando é inalado, transforma-se em ácido clorídrico e queima os pulmões, provocando a morte (por afogamento) pela acumulação de líquidos. Em duas instâncias, na província de Idlib – um ataque em Talmenes, a 21 de Abril de 2014, e outro em Sarmin, a 16 Março de 2015 – a informação disponível apontou para o lançamento dessas substâncias tóxicas a partir de helicópteros da Força Aérea da Síria.

O regime do Presidente Bashar al-Assad comprometeu-se a destruir o seu arsenal de agentes químicos em 2013, no âmbito de um acordo negociado com os Estados Unidos e a Rússia, depois de ataques com gás sarin em Ghouta, nos arredores de Damasco, em Agosto desse ano, em que terão morrido pelo menos 1400 pessoas. Dessa forma evitou uma intervenção militar internacional.

Desarmar arsenal químico é uma tarefa quase impossível

O incumprimento do acordo poderá dar origem à aplicação de sanções e até à autorização do uso da força militar, como contemplado no capítulo 7 da Carta das Nações Unidas. No entanto, é pouco provável que o Governo de Damasco venha a ser sancionado, uma vez que a sua aliada Rússia (tal como a China) tem bloqueado com o seu poder de veto essas resoluções no Conselho de Segurança.

A investigação da ONU e Organização para a Proibição das Armas Químicas também concluiu que a organização jihadista Estado Islâmico "era a única entidade com a capacidade, competência, motivo e método para o uso de gás mostarda num ataque em Marea, a 21 de Agosto de 2015”. O gás mostarda é uma substância incolor, líquida e pouco solúvel em água, que provoca irritação nos olhos e lesões cutâneas e cuja inalação conduz à asfixia.

Os outros ataques cuja responsabilidade não foi atribuída ocorreram nas províncias de Hama e Idlib, entre Abril de 2014 e Março de 2015. No entanto, os investigadores consideraram que existe prova suficiente do uso “repetido e sistemático” de cloro como arma de guerra – desmentido tanto pelas forças governamentais como pelos grupos rebeldes de oposição ao regime.

 

 

 

 

 

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