Dois navios de cruzeiro cancelaram escalas no porto do Funchal devido aos incêndios

Câmara do Funchal assumiu o “compromisso político” de reconstruir as casas atingidas pelos incêndios no concelho.

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Miguel Manso

A Secretaria Regional da Economia, Turismo e Transportes da Madeira admitiu nesta segunda que dois navios cancelaram as escalas previstas no porto do Funchal, devido à situação dos incêndios ocorridos na passada semana, na ilha.

“Houve duas escalas que foram canceladas relacionadas com incêndios”, disse fonte do gabinete do secretário regional à agência Lusa.

Segundo a mesma fonte, um dos cruzeiros que não escalou o Funchal, foi no dia 10, quando ocorriam os incêndios, e a outra situação aconteceu hoje.

No dia 10, foi o navio “Costa Mágica”, que transportava cerca de 1.800 pessoas, e, hoje, o “Aida Cara”, com 1.200 passageiros.

“No que se refere ao navio de hoje, as pessoas procuraram, e havia programas de visitas que incluíam as zonas afetadas pelos incêndios, pelo que o agente optou por esta solução”, adiantou.

O gabinete do secretário da Economia e Turismo da Madeira aponta que “não existe, até ao momento, outros cancelamentos de escalas de navios de cruzeiro, devido a esta situação dos incêndios”.

“A Secretaria, da mesma forma que está a intervir junto da hotelaria nacional para informar e controlar os efeitos no exterior, também está a trabalhar junto do mercado de cruzeiros, para ultrapassar esta situação”, informou.

Entretanto, a Câmara do Funchal assumiu o “compromisso político” de reconstruir as casas atingidas pelos incêndios no concelho, tendo decidido criar um gabinete técnico de coordenação da acção, para resolver definitivamente as necessidades de alojamento.

“Aquilo que a câmara vai assumir neste momento é o compromisso de reconstruir as casas atingidas pelos incêndios”, disse o presidente do município funchalense à agência Lusa.

Paulo Cafôfo adiantou que o executivo camarário esteve hoje reunido e decidiu criar “o gabinete técnico de apoio à reconstrução de habitações no Funchal”, apontando que mais de 200 imóveis foram total ou parcialmente danificados pelo fogo que deflagrou na passada segunda-feira, na freguesia de São Roque, e se alastrou a outras localidade do concelho.

O autarca especificou que o compromisso assumido pela autarquia é de atribuir “apoios directos às famílias” cujas casas foram afectadas.

“Neste momento estamos a estudar o modelo de apoios que iremos implementar”, acrescentou o responsável, apontando que vai depender do “estado da habitação e da situação socioeconómica da família atingida”.

Um dos aspectos que ficou definido no modelo é que será um “apoio financeiro directo” e não abrange as casas que estejam cobertas por seguros.

A autarquia também vai facultar apoio ao nível da elaboração de projectos de arquitectura ou de especialidades, e facultar materiais de construção, adiantou.

Paulo Cafôfo anunciou que o executivo da Câmara do Funchal também decidiu criar uma bolsa de terrenos, para impedir que sejam construídas em zonas de alto risco, de aluviões ou incêndios.

Esta medida prevê a disponibilização de terrenos “para construção de novas habitações” para os casos de casas que estavam situadas “em zonas de alto risco ou risco elevado”.

“Todo o realojamento temporário tem sido feito pelo Governo Regional. O nosso papel, agora, enquanto câmara municipal, é definir soluções definitivas, para as pessoas, o mais rapidamente possível, voltarem a ter um lar”, argumentou.

A Madeira foi assolada na passada semana por um conjunto de incêndios que afectaram sobretudo os concelhos do Funchal, Calheta e Ponta do Sol.

Três vítimas mortais, mil pessoas retiradas de habitações, hospitais, clínicas e lares de idosos, mais de 200 desalojados, cujas casas foram total ou parcialmente danificadas pelo fogo, e avultados danos materiais, constituem o balanço até ao momento destes incêndios na ilha.