BE critica promiscuidade entre o poder local e a Galp

Os representantes locais do BE exigem da parte do autarca de Sines, Nuno Mascarenhas, e de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, "uma explicação cabal aos seus munícipes".

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O Bloco de Esquerda não deixou cair o caso das viagens a convite da Galp Adriano Miranda

Os autarcas de Sines e de Santiago do Cacém foram criticados pela estrutura local do Bloco de Esquerda por terem alegadamente aceitado o convite da Galp para assistir em França a um jogo do campeonato europeu de futebol. Em comunicado, o Bloco de Esquerda (BE) alega que "Álvaro Beijinha, da CDU, e Nuno Mascarenhas, do PS, presidentes das Câmaras de Santiago do Cacém e Sines também não tiveram pejo em aceitar o convite da Galp para assistirem em Lyon a um jogo do europeu de futebol". Tendo em conta que a empresa "lhes pagou a viagem", os bloquistas consideram a situação uma "reprovável promiscuidade entre o poder local e esta empresa gigantesca".

A Galp tem instalada em Sines a maior refinaria do país, que emprega uma grande percentagem de trabalhadores residentes no concelho vizinho de Santiago do Cacém.

"O BE, que criticou energicamente tanto a participação dos secretários de Estado dos Assuntos Fiscais e da Indústria, do Governo do PS, como os deputados do PSD, entre os quais o seu próprio líder parlamentar, não pode deixar de reiterar essa crítica e a condenação de tal atitude por parte dos presidentes destas duas câmaras municipais vizinhas", lê-se no comunicado.

Os representantes locais do BE exigem agora da parte do autarca de Sines, Nuno Mascarenhas, e de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, "uma explicação cabal aos seus munícipes".

"Exigimos total transparência e sentido republicano do exercício do poder público, que se quer democrático, transparente e independente do poder económico", asseveram ainda.

A convite da Galp viajaram para Lyon, em França, para assistir a um jogo da seleção nacional no campeonato europeu de futebol, os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, da Indústria, João Vasconcelos, e da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, uma situação que tem gerado polémica desde a semana passada, quando veio a público.

Entretanto, esta terça-feira, o primeiro-ministro considerou que o caso está "devidamente encerrado", garantindo que esses membros do executivo têm a sua confiança.

"É um assunto que é encerrado, o senhor primeiro-ministro em exercício [o ministro dos Negócios Estrangeiros] já teve oportunidade de dizer da parte do Governo o que tinha a dizer e as medidas que foram adotadas e que vão ser adotadas e, para mim, é um assunto que está devidamente encerrado", afirmou.

Na semana passada, quando António Costa estava de férias, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, tinha dito que o caso das viagens de membros do Governo pagas pela Galp para assistir a jogos do europeu de futebol ficava "encerrado" com o reembolso das despesas efetuadas por um dos patrocinadores oficiais da seleção.

Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou também que o Conselho de Ministros aprovará este Verão um código de conduta que vincule os membros do Governo e altos dirigentes da administração pública sob tutela do executivo.

A agência Lusa tentou, sem sucesso, contactar o presidente da Câmara de Sines. Já o autarca de Santiago do Cacém, atualmente de férias, decidiu, por enquanto, "não prestar declarações" sobre o assunto.