Dez acontecimentos que não pode perder nos Jogos Olímpicos

Durante cerca de duas semanas o desporto mundial vai estar concentrado no Rio de Janeiro. No meio de tanta coisa a acontecer, o PÚBLICO sugere-lhe uma dezena de momentos que tem mesmo de acompanhar.

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Da pista à piscina, do velódromo ao tatami, os melhores do mundo vão estar presentes no Rio de Janeiro e prometem lutar por feitos históricos. Irá Usain Bolt repetir o triplo ouro obtido em Pequim e Londres? Conseguirá algum novo recorde? E o que fará Phelps na despedida? Neymar, sobre quem recaem todas as esperanças, será capaz de liderar o anfitrião Brasil na conquista de um inédito título olímpico no futebol?

Usain Bolt

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O velocista jamaicano tem um talento particular para deixar o mundo suspenso daquilo que vai fazer e no Rio 2016 não será diferente: conseguirá Usain Bolt repetir o hat-trick dourado (100m, 200m e estafeta 4x100m) que obteve em Pequim 2008 e Londres 2012? E estabelecerá algum novo recorde? A preparação foi perturbada por questões físicas, mas nada abala a confiança do homem mais rápido do planeta. “O atletismo precisa que eu vença. Não vou deixar fugir uma das medalhas de ouro, tenho a certeza”, sublinhava o jamaicano, poucos dias antes de partir para o Rio de Janeiro. “Ninguém pode discutir quem é o homem mais rápido do mundo. Vai passar muito tempo até que surja alguém tão talentoso quanto eu para bater os meus recordes”, acrescentou Bolt. É como se estivesse já um passo à frente dos rivais.

Michael Phelps

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O lugar na história já ninguém lhe tira. Michael Phelps parte para o Rio de Janeiro como o atleta olímpico mais medalhado de sempre, com 22 medalhas (18 de ouro, duas de prata e outras duas de bronze). A imagem inesquecível do nadador com oito medalhas de ouro à volta do pescoço após os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, é irrepetível. Actualmente com 31 anos, Phelps regressou ao activo em 2014 para preparar a quinta e derradeira participação olímpica da carreira. Vai competir nos 100m e 200m mariposa e nos 200m estilos e terá nas bancadas um espectador especial – o filho Boomer, nascido em Março. “Estou entusiasmado por poder tê-lo lá, o meu primeiro filho, a ver-me disputar algumas das minhas últimas provas”, confessou o nadador.

Equipa de refugiados

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São dez atletas, seleccionados pelo Comité Olímpico Internacional (COI), para transmitirem um símbolo de esperança aos milhões de refugiados em todo o mundo. Será uma estreia em Jogos Olímpicos: vão competir sob a bandeira do COI e desfilarão na cerimónia de abertura logo após o Brasil, país organizador. A equipa é constituída por seis atletas (cinco sul-sudaneses e um etíope), dois nadadores sírios e dois judocas da República Democrática do Congo. Não são apenas histórias de superação, mas de sobrevivência e humanismo. “Estou muito orgulhoso por estar aqui, mas sinto alguma tristeza por não participar como sírio. Representamos as pessoas que perderam os seus direitos e enfrentam injustiças”, sublinhou o nadador Rami Anis.

Wiggins e Cavendish

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A escolha não foi consensual, mas a verdade é que recaem muitas esperanças britânicas na dupla Bradley Wiggins-Mark Cavendish no ciclismo de pista. O primeiro, campeão mundial de contra-relógio em 2014, vencedor da Volta a França em 2012 e sete vezes medalhado olímpico (quatro ouros – três na pista e um no contra-relógio de estrada – uma prata e dois bronzes), procura, na perseguição por equipas, uma quinta medalha de ouro. Cavendish, que competiu no ciclismo de pista em 2008 mas não voltou a disputar provas nesta variante até 2015, foi incluído na equipa e também disputará o omnium. Com 30 vitórias em etapas do Tour a abrilhantar o currículo, o “Expresso da Ilha de Man” conquistou este ano o título mundial na prova de madison, precisamente com Wiggins. Um indicador de mais títulos a caminho da Grã-Bretanha?

Neymar

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O Brasil organiza os Jogos Olímpicos. E o Brasil nunca venceu o título olímpico no futebol. Isso é um problema num país apaixonado por futebol e a esperança de colocar um ponto final a este registo negativo recai sobre os ombros de Neymar, o “astro” do Barcelona. Ele abdicou de disputar a Copa América para estar a postos para os Jogos Olímpicos. Em 13 participações, o melhor que a “canarinha” conseguiu foi a presença em três finais – perdidas para a França (1984), União Soviética (1988) e México (2012). A selecção brasileira conquistou ainda o bronze em 1996 e 2008. A equipa feminina não conseguiu melhor: nos seis torneios olímpicos disputados obteve duas medalhas de prata, em finais perdidas para os EUA (2004 e 2008). A incontornável Marta esteve nas duas e também em 2012, quando o Brasil caiu nos quartos-de-final perante o Japão. Vem aí mais uma oportunidade.

Teddy Riner

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Chamam-lhe “Teddy Bear”, mas bem podiam chamar-lhe campeão. O gigante francês de 2,04 metros não sofre uma derrota desde 2010 e domina, há praticamente uma década, o judo mundial na categoria livre (+100kg). Campeão do mundo consecutivamente desde 2007, conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, e o ouro em Londres 2012. No Rio de Janeiro haverá também a hipótese de o judo japonês limpar a face após a humilhação sofrida há quatro anos: pela primeira vez desde 1964, ano de estreia do judo no programa olímpico, a nação-berço desta arte marcial não conquistou qualquer medalha de ouro na competição masculina. Um resultado embaraçoso que o Japão procurará corrigir, a quatro anos de acolher os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio.

Ki Bo-Bae

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Desde 1988, quando foi introduzida (precisamente em Seul) nos Jogos Olímpicos a competição por equipas no tiro com arco, a medalha de ouro no sector feminino foi parar sempre às mesmas mãos: as da equipa sul-coreana. A tal ponto que, na Coreia do Sul, a hegemonia já virou piada – diz-se que é mais difícil conseguir um lugar na selecção do que a medalha de ouro. Em termos individuais, o domínio começara quatro anos antes e só teve uma interrupção em 2008. Ki Bo-Bae, campeã em 2012, já disse que só quer voltar a casa após ouvir o hino. O desempenho dos homens tem sido algo inferior: quatro ouros por equipas e um na prova individual, em 2012. No total, mais de metade das medalhas de ouro em disputa foram para a Coreia do Sul.

Mo Farah

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Em 2012, a correr “em casa”, levou o Estádio Olímpico ao delírio com um “bis” nos 5000m e 10.000m que fez dele um herói nacional. O atleta britânico nascido em Mogadíscio, na Somália, procura repetir a proeza no Rio de Janeiro – a acontecer, seria um feito histórico que igualaria o alcançado pelo finlandês Lasse Virén em 1972 e 1976. Depois do duplo ouro obtido em Londres, Farah também venceu as duas distâncias nos Campeonatos do Mundo de 2013 e 2015. Mas não é por isso que espera facilidades no Rio 2016. “Vai ser muito mais difícil do que em Londres 2012. Estou mais velho e creio que a concorrência será forte”, previu o atleta de 33 anos. Mas acrescentou: “Conquistar outra vez duas medalhas de ouro seria algo incrível.”

Katie Ledecky

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Tinha apenas 15 anos quando, em 2012, causou sensação: arrebatou a medalha de ouro nos 800m livres dos Jogos de Londres, com um desempenho autoritário dentro de água que lhe valeu mais de quatro segundos de avanço para a segunda classificada. Desde essa altura já bateu três vezes o recorde mundial da prova e no Rio 2016 vai competir nos 200m, 400m, 800m livres e ainda na estafeta 4x200m livres. Nos Mundiais de 2015, em Kazan, sagrou-se campeã nessas três distâncias e ainda nas provas livres de 1500m e 4x200m. Nos EUA consideram-na “a melhor nadadora mundial da actualidade” e não há quem possa contrariar essa denominação. E, com 19 anos, continua a ser a mais jovem nadadora que a equipa norte-americana leva a estes Jogos Olímpicos.

Renaud Lavillenie

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Deixou a concorrência à distância quando, em Londres 2012, ultrapassou a fasquia a 5,97m para estabelecer um novo recorde olímpico do salto com vara e conquistar a sua primeira medalha de ouro. O saltador francês conquistaria a prata nos Campeonatos do Mundo de 2013 e, no ano seguinte, estabeleceu um novo recorde mundial quando passou a 6,16m, batendo o anterior máximo que há 20 anos era detido por Sergey Bubka. Mas Lavillenie chega ao Rio de Janeiro vindo de uma desilusão: nos Europeus de Amesterdão, em Julho, abordou a primeira fasquia na final a uns “acessíveis” 5,75m, quando já todos os rivais tinham falhado a 5,70m, só que registou três nulos e acabou por não conseguir marca. Irá deixar-se abalar pelo episódio embaraçoso?

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