Um surpreendente Robert Plant no arranque do Nos Alive

O ex-vocalista dos Led Zeppelin fez a ponte entre a memória da sua banda, o blues americano e sons de África. Foi o primeiro grande concerto de um festival recheado de público vindo além fronteiras.

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Não são os Led Zeppelin e não esperávamos que fossem. É o seu antigo vocalista, Robert Plant, 67 anos, a transportar os Zeppelin até à África ocidental, a cobrir velhos blues de Bukka White de sintetizadores apontados ao espaço, a mostrar-se desejoso de fazer pontes musicais e de extrair algo novo a matéria antiga.

Ouvimos “Whole lotta love” e vimo-lo despedir-se com “Rock'n'roll”. Faltavam Pixies e Chemical Brothers e a revelação recente Wolf Alice preenchia o palco Heineken, o secundário, mas já tínhamos um grande e surpreendente concerto para fazer história do Nos Alive 2016. Aproximávamo-nos das 23h e o festival já laborava em pleno, ou seja, multidões avançavam na sua desordem feliz de palco para palco. Horas antes, foramos surpreendidos.

Belgas de tronco nu, com as cores da sua bandeira pintadas na pele e pernas enfiadas em leggings de encarnado garrido. Ingleses em travesti ou equipados à selecção portuguesa, chuteiras e 7 de Ronaldo nas costas incluídos. Franceses mais moderados que os belgas: camisola da selecção sobre um fato felpudo de tigre. Casais de meia idade que aproveitaram as férias para sentir o calor e viver o rock'n'roll, sentados na relva artificial que cobre grande parte do espaço, uma bem vinda novidade.

São 18h30 e os britânicos The 1975 inauguram o palco principal. Não há muitos portugueses à vista e, enquanto o público da terra não sai do trabalho para se juntar à malta vinda de fora, o Nos Alive parece um festival de outras latitudes. Não demorará a que regresse o equilíbrio habitual, com gente de toda a Europa a dançar a soul e blues rock dos americanos Vintage Trouble ou a fazer da tenda Nos Clubbing onde tocam os canadianos Bob Moses uma pista de dança a pedir madrugada enquanto o sol ainda brilhava. O festival que já começara estava prestes a arrancar a sério.

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