Corpo clínico do Hospital de Faro indignado com a administração

Em causa está a forma como o conselho de administração justificou o afastamento da até agora directora da Neurocirurgia, considerada "um verdadeiro baluarte hospitalar na sua especialidade".

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A directora do serviço de Neurocirurgia foi substituída no dia 1 de Julho Virgílio Rodrigues

Há uma onda de indignação no Hospital de Faro. Médicos adjuntos da direcção clínica e directores de departamento desta unidade hospitalar, que integra o Centro Hospitalar do Algarve (CHA), reprovam a forma como o conselho de administração (CA) justificou o afastamento da directora do serviço de Neurocirurgia, Alexandra Adams, considerada uma “profissional exemplar”.

“Enquanto profissionais médicos, em primeiro lugar, e considerando as funções actualmente desempenhadas, os directores de departamento e adjuntos da direcção clínica manifestam o seu profundo descordo pelo teor da circular informativa n.º 119/16 referente à nomeação do director do serviço de Neurocirurgia”, lê-se num documento dirigido ao director clínico e ao qual o PÚBLICO teve acesso. “Sem colocar em causa a nomeação do novo director de serviço de Neurocirurgia, e tendo em conta que foi a Dra. Alexandra Adams que pediu a demissão do cargo, os abaixo-assinados entendem formalmente levar ao conhecimento de V. Exa o seu profundo descontentamento por não ter sido reconhecido o excelente trabalho que a mesma desenvolveu até à data e que se repete necessário trazer a público um diferendo interno entre o órgão de gestão e um director de serviço através de um meio institucional, como uma circular informativa”, acrescenta o texto.

Horácio Guerreiro, director do Serviço de Gastrenterologia, repudia a administração “por tão inusitado conteúdo” e pede esclarecimentos. “Nos meus longos anos de vida hospitalar, tendo convivido com múltiplos conselhos de administração, e tendo vivenciado algumas situações de desentendimentos internos, não me recordo de, em qualquer ocasião, ter lido prosa tão deselegante, no momento da substituição de um director de serviço”, escreve numa carta dirigida ao presidente do CA, Joaquim Ramalho.

Declarando que a deliberação merece “as maiores reservas de grande parte do corpo clínico”, Horácio Guerreiro sublinha que “podia o CA ter tido a elevação de enaltecer e agradecer o contributo da doutora Alexandra Adams, que sob dois anteriores conselhos de administração foi um verdadeiro baluarte hospitalar na sua especialidade”.

A equipa do serviço Medicina Intensiva I do CHA também censura a posição assumida pela administração relativamente a Alexandra Adams, que foi substituída no dia 1 de Julho por Joaquim Pedro Ramos Correia.

 

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