Delfim Sardo vai programar artes plásticas na Culturgest
Miguel Wandschneider pediu para sair porque quer iniciar “novo ciclo” depois de uma década de trabalho.
Delfim Sardo, um dos mais conhecidos curadores independentes portugueses, vai substituir Miguel Wandschneider como responsável pela programação de artes plásticas na Culturgest, a fundação da Caixa Geral de Depósitos dedicada às artes. Wandschneider, que está no cargo desde 2005, pediu para sair porque quer iniciar “um novo ciclo”.
O convite foi feito há dois meses por Miguel Lobo Antunes, explicou ao PÚBLICO o administrador da Culturgest. Delfim Sardo “fará obrigatoriamente uma programação diferente da de Miguel Wandschneider”, que “fez um trabalho excepcional”, apostado em revelar nomes menos conhecidos em Portugal.
“Delfim Sardo é uma pessoa competente, experiente, com provas dadas, que já programou vários sítios, nomeadamente o Centro Cultural de Belém. Tem um óptimo currículo”, sublinha Lobo Antunes. Neste momento, além de fazer curadoria independente, Delfim Sardo é professor na Universidade de Coimbra, onde coordena o mestrado em Estudos Curatoriais no Colégio das Artes e lecciona História de Arte na Faculdade de Letras.
Delfim Sardo, que começará a trabalhar oficialmente em Outubro, está já a pensar na programação de 2017, que passará a assinar a partir de Maio. “Estou a trabalhar num conceito de programação que ainda não está concluído, fechado, ainda tenho dúvidas que estou a esclarecer. Por isso, é demasiado cedo para estar a falar dela.” O curador destaca o “óptimo historial da instituição” e “a grande qualidade da programação que tem sido feita”, especialmente o “rigoroso” trabalho em redor das monográficas dedicadas aos artistas: “Para mim, é uma responsabilidade vir a seguir a um programador que fez um trabalho muito bem feito.”
“Onze anos é muito tempo”, explica Miguel Wandschneider, que se demitiu em Fevereiro. “Acho que é óptimo para a instituição ter outra pessoa a programar arte contemporânea e para mim fazer outras coisas na vida.” Wandschneider recorda que começou em 2005 com uma exposição de Carlos Bunga, logo seguida de uma antológica da espanhola Angela de la Cruz, e termina com uma exposição com trabalhos recentes da alemã Alice Creischer, marcada para Fevereiro do próximo ano, sobre os programas de austeridade impostos a vários países, nomeadamente a Portugal. Entretanto, no Outono, vai expor dois nomes históricos, o espanhol Isidoro Valcárcel Medina e a portuguesa Lourdes de Castro.
Quando sair, no final deste ano, e colocar um ponto final no ciclo da Culturgest, Miguel Wandschneider quer “escrever, ler muito mais e comissariar muito menos, ou com outro vagar”.