Obrigada, Islândia

Os islandeses não ganharam a partida contra a França, mas por estes dias ganharam visibilidade e respeito.

Já simpatizávamos com os islandeses pela forma como condenaram os banqueiros responsáveis pela crise financeira de 2008. Agora, no Euro, agradou-nos saber que a selecção tem atletas que não são apenas isso: um guarda-redes cineasta (Hannes Thor Halldórsson) e um treinador co-seleccionador dentista (Heimir Hallgrimsson).

Também gostámos de os ver jogar como equipa, grupo, família. Aquilo que se esperaria de todas as selecções, que funcionassem muito para lá do somatório de talentos individuais. Será a isto que os comentadores se referem quando falam em “futebol combinativo”? Não sabemos, mas percebe-se que estão ali uns para os outros.

Não acreditamos em determinismos geográficos, mas estamos certos de que o destino não é inteiramente alheio ao lugar onde se nasce.

Bonito o festejo da vitória sobre a Inglaterra, num aplauso sincronizado muito partilhado nas redes sociais e a fazer lembrar a dança maori (haka) dos atletas de râguebi neozelandeses. De novo, o peso e inspiração da latitude e longitude. Percebe-se a valorização da identidade geográfica, mas não se pressentem patriotismos sobranceiros.

Foi bom que a procura das T-shirts da selecção islandesa disparasse 1800%. Assim, a pequena empresa italiana Errea que nela apostou terá ofuscado as marcas gigantes do costume, que não vale a pena nomear porque já têm tempo de antena que chegue.

Aplauso ainda para a cumplicidade entre os atletas, talvez amigos, e para o apoio enérgico e incondicional dos adeptos. Desistir nunca.

Por nos ter posto a pensar em tudo isto enquanto a bola rolava no relvado de Saint-Denis, mesmo sem alcançar a vitória, queremos agradecer à Islândia.

Os islandeses não ganharam a partida contra a França, mas por estes dias ganharam visibilidade e respeito. E fizeram-nos revisitar o mapa-múndi. Obrigada, Islândia.

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