Petição critica Ordem dos Arquitectos e defende debate
Em ano de eleições, pede-se o fim dos estágios profissionais. Tiago Mota Saraiva e Pedro Campos Costa entre os subscritores.
Uma petição online, lançada este mês por um grupo de arquitectos, faz críticas à actuação da Ordem dos Arquitectos (OA) e defende o debate de ideias, entre as quais o fim dos estágios profissionais, "como forma de exploração de recém-licenciados".
A petição, lançada a 7 de Junho, intitula-se "Fora da Ordem", conta actualmente com 540 assinaturas, e poderá dar origem a uma lista concorrente às eleições da OA, ou à criação de um sindicato ou de uma associação, segundo Tiago Mota Saraiva, um dos primeiros subscritores. Em declarações à agência Lusa, o arquitecto sublinhou que "a ideia é partir de princípios fortes, o meio para os concretizar ainda está por decidir".
Entre os primeiros subscritores da petição contam-se Pedro Campos Costa, Alexandra Paio, Ana Cunha Luz, Bárbara Delgado, Diogo Silva, Joana Braga, José Veloso, Lara Seixo Rodrigues, Patrícia Santos Pedrosa e Pedro Bragança.
"Para já, o objectivo desta petição, em ano de eleições na OA, é partir para o debate a partir de ideias claras. Esta petição resulta de várias conversas entre amigos, durante vários anos, sobre a ineficácia da Ordem no espaço público e na forma desestruturada como vai impondo os estágios", disse o arquitecto Tiago Mota Saraiva.
A petição defende quatro questões que os arquitectos signatários consideram essenciais, e que têm gerado polémica no meio profissional, entre elas, "o fim dos estágios profissionais como forma de exploração do trabalho de recém-licenciados", e "a criação de mecanismos de protecção e participação de arquitectos desempregados ou em dificuldades financeiras a partir da Ordem dos Arquitectos".
Também defende a participação da Ordem no desenho de vários caminhos para a prática profissional, e garantir o seu papel "enquanto organização profissional activa nos temas estruturais que afectam o país e as pessoas, e na reivindicação de políticas públicas, transparentes e orientadas para o bem comum".
Contactado pela Lusa sobre a petição, o presidente da OA, João Santa-Rita, considera que o documento "não é propriamente uma crítica" àquela entidade. "São temas que recorrentemente a Ordem trata, com maior ou menor alcance", comentou, assinalando que os estágios sempre foram uma das formas de acesso à profissão.
"As pessoas são livres de se exprimirem. O nosso mandato acaba este ano, e é natural que as pessoas tenham algo a dizer num período pré-eleitoral", acrescentou João Santa-Rita, indicando que as eleições ainda não foram marcadas, mas deverão decorrer até ao final deste ano.
Os responsáveis pelo lançamento da petição "Fora da Ordem" afirmam que vão promover debates e discussões em vários locais do país sobre estas questões.