Trump promete guerra com discurso "sobre tudo o que os Clinton fizeram"

Magnata continua a enfrentar resistência no Partido Republicano, depois de declarações consideradas racistas que fez sobre um juiz.

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Donald Trump Carlo Allegri/Reuters

Sem surpresas, o homem que estava sozinho na corrida à nomeação pelo Partido Republicano, Donald Trump, fez o discurso de vitória logo após o anúncio de que tinha vencido todas as votações nos últimos cinco estados das primárias. Livre dos ataques de adversários do seu partido, o magnata lançou-se ao pescoço de Hillary Clinton, a quem acusou de ter transformado o Departamento de Estado "no seu fundo de investimento privado".

"Não podemos resolver os nossos problemas confiando nas pessoas que os criaram", disse Trump, prometendo que vai proferir um discurso na próxima semana "sobre tudo o que os Clinton fizeram".

É mais um indício de que a campanha que se avizinha entre Donald Trump e Hillary Clinton poderá deixar de boca aberta mesmo aqueles que já ficaram de queixo caído durante as primárias, principalmente no Partido Republicano. Trump vai desenterrar tudo, dos discursos em Wall Street que valeram milhões a Clinton até às aventuras amorosas de Bill Clinton – uma estratégia que pode soar a pólvora seca para quem se lembra de Monica Lewinsky, mas que vai embrulhada em novidade para uma nova geração de ultraconservadores para quem muita dessa informação pode ser chocante.

Em termos de propostas, Trump foi igual a sim mesmo: a América vai voltar a ser grande, o Presidente Trump vai fazer negócios inacreditáveis e o povo americano estará sempre em primeiro lugar, ainda que isso ponha em causa velhas alianças e compromissos internacionais.

No discurso de vitória e de agradecimento em quem votou nele nas primárias, o magnata piscou o olho a uma fatia do eleitorado que poderá ajudá-lo a encurtar a distância nas sondagens em relação a Hillary Clinton – os apoiantes de Bernie Sanders "que foram deixados de fora por causa do sistema viciado dos 'superdelegados'", a quem o candidato do Partido Republicano promete "acolher de braços abertos".

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Mas a imagem de unidade no Partido Republicano tem sido constantemente posta à prova, apesar de Donald Trump já ter recebido o apoio dos principais responsáveis, embora com alguma resistência.

O mais resistente de todos, o líder da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, declarou o seu apoio a Donald Trump apenas na semana passada, mas esta semana já se viu confrontado com um problema ético.

O magnata acusou o juiz Gonzalo Curiel, nascido no estado norte-americano do Indiana, de não ter isenção suficiente para julgar um caso contra a sua "universidade" Trump – uma instituição que prometia revelar os segredos do sucesso do magnata mas que deixou muitos queixosos a sentirem-se burlados.

O argumento de Trump é que os pais de Gonzalo Curiel nasceram no México, pelo que o juiz não deveria julgar alguém que promete construir um muro a separar os EUA do México.

Numa reacção que mostra bem o desconforto com a nomeação de Donald Trump, Paul Ryan disse que o argumento do magnata em relação ao juiz é "um verdadeiro exemplo da definição de um comentário racista". Ainda assim, o líder da Câmara dos Representantes diz que vai continuar a apoiar a escolha do seu partido.

Ainda mais sintomática foi a crítica de Newt Gingrich, antigo líder da Câmara dos Representantes pelo Partido Republicano e dado como certo na lista de possíveis candidatos a vice-presidente de Donald Trump: "Foi um dos erros mais graves do Trump. É indesculpável. O juiz nasceu no Indiana. É americano e ponto final."

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