Sete momentos políticos de Paulo Portas

Foi deputado, eleito sete vezes líder do CDS-PP, ministro e vice-primeiro-ministro em duas legislaturas diferentes. O PÚBLICO pediu a Paulo Portas para escolher sete momentos marcantes na sua vida política, com testemunhos na primeira pessoa.

Foto
Manuel Monteiro e Paulo Portas no Congresso do PP em 1998 Fernando Veludo

“Reinterpretação” do CDS 1995-1998

Em 1995, ano em que Portas é eleito deputado pela primeira vez, o CDS consegue um bom resultado ao eleger 15 deputados. “A minha disputa com Manuel Monteiro era sobre a moeda única. Tínhamos de actualizar a posição do partido sobre a Europa se queríamos voltar ao arco da governabilidade”. Quando ganha a liderança do partido inicia-se a matização do eurocepticismo. “À direita, voltou a não haver maiorias de um partido só, há dois partidos para fazer uma maioria. Isso ficou e ficou para durar”.

Dois programas de ajustamento (2002-2005 e 2011-2014)

Fez parte de dois governos (liderados por Durão Barroso e Passos Coelho) que aplicaram programas de ajustamento com graus e em momentos cronológicos diferentes. No primeiro, Portugal estava em vigilância por défice excessivo. No segundo, aplicou programa de austeridade da troika. “Este último era mais duro e considero mesmo que é vexatório”. Crítico da política económica do actual Governo, Portas interroga-se sobre o desfecho: “Sou o único líder partidário que fez os dois programas e não é projecto de vida fazer o terceiro, que desejo que não aconteça”.

Foto
Durão Barroso e Paulo Portas, em 2002 Daniel Rocha

“Váyase” senhor primeiro-ministro!

Em Junho de 2010, José Aznar, então líder do PP espanhol, desafiou o primeiro-ministro socialista da altura, Felipe Gonzalez, a sair do cargo: “Váyase, señor Gonzalez!”. Foi neste momento parlamentar que Portas se inspirou para fazer o mesmo no Parlamento português, um mês depois. “Saia, senhor primeiro-ministro”, atirou a José Sócrates, em pleno debate do Estado da Nação. O ex-líder do CDS fez um diagnóstico catastrófico: “Este homem está a levar isto ao precipício e vai arrastar-nos a todos”.

Foto
Portas no Parlamento, em Junho de 2010 Rui Gaudência

O irrevogável (Julho de 2013)

O anúncio da demissão de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros fez tremer a coligação governamental e provocou o pânico na bolsa. O primeiro-ministro, Passos Coelho, não se demitiu e Paulo Portas voltou atrás na sua decisão que era "irrevogável". Tornou-se vice-primeiro-ministro, com a tutela da diplomacia económica e com um grau acima da ministra das Finanças. “Eu pago um preço de reputação mas com toda a franqueza o Governo ficou com um discurso económico. Ficou reequilibrado com as Finanças”.  

Foto
Paulo Portas toma posse como vice-primeiro-ministro, depois da demissão "irrevogável" Miguel Manso

Reequipar a Defesa (2002-2005)

Como ministro da Defesa, Portas aponta o reequipamento das Forças Armadas como um dos seus momentos da vida política, mesmo que a compra de submarinos tivesse sido alvo de um longo processo judicial. “O equipamento estava obsoleto. Não se conseguia sequer fazer missões de salvamento”.

Foto
Paulo Portas como ministro da Defesa, em 2004 Luís Ramos

Diplomacia Económica (2011-2015)

É o momento em que, como o próprio Portas disse, encarnou no Oliveira da Figueira, o personagem português criado por Hergé na série Tintin, que ficou célebre por conseguir vender tudo. Entre o período em que tutelou o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o de vice-primeiro ministro foram 130 missões ao estrangeiro.

Foto
Paulo Portas em 2012 Enric Vives-Rubio

"Geringonça" (Novembro de 2015)

A coligação PSD/CDS conquistou mais votos nas urnas do que o PS, formou um Governo (o mais curto da história democrática) mas este foi derrubado. Foi “terrível” fazer convites para um Governo que “não se sabia quanto tempo ia durar”. Portas pediu emprestado a Vasco Pulido Valente a palavra para classificar a maioria de esquerda – "geringonça" – e a designação fez o seu caminho.

Foto
Paulo Portas no Parlamento, em 2015 Rui Gaudêncio
Sugerir correcção
Comentar